Recife (AE) – A Polícia Federal (PF) deflagrou ontem a Operação Cabo, em conjunto com os ministérios Público (MP) e da Previdência Social e desarticulou um esquema fraudulento de concessão de benefícios de pensão por morte. A PF informa que as fraudes ocorriam desde 1995, o que representa um rombo que pode chegar a até R$ 1 milhão por mês aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Foram identificados pelos peritos, até o momento, 36 processos fraudulentos. Parte deles com efeito retroativo, o que elevaria o valor do golpe.
Foram presos dez acusados -entre eles, quatro funcionários do INSS e uma de um cartório. Eles foram indiciados por estelionato, falsidades ideológica, documental, de documento público e particular e de reconhecimento de firma, podendo pegar de um a seis anos de cadeia, se condenados. Além das prisões, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e dois de seqüestro de bens móveis adquiridos com dinheiro da irregularidade.
Um grupo de 50 homens da PF em Pernambuco e representantes do Ministério da Previdência que vieram de Brasília participaram da ação. Parte dos documentos foi apreendida na agência do instituto na Avenida Mário Melo, em Recife. Na residência de um casal – suspeito de ser o cabeça do esquema – na Praia de Enseada dos Corais, em Cabo de Santo Agostinho, no litoral sul, a polícia apreendeu quatro carros, cinco aparelhos celulares, computador, equipamento de falsificação de documentos, R$ 5.465,00 em espécie, 30 certidões de nascimento e de óbito, 25 Cadastros da Pessoa Física (CPFs), 34 carteiras de identidade, nove carnês do INSS, além de cheques e cartões bancários.
As investigações continuam e mais suspeitos podem estar envolvidos. O processo corre em segredo de Justiça e nenhum nome foi revelado. O Ministério da Previdência iniciou uma auditoria em janeiro e a PF instaurou inquérito no mesmo mês.
Benefícios
Nenhum dos 36 benefícios supostamente irregulares foi cancelado, de acordo com a representante do Ministério da Previdência, Marinalva Rodrigues dos Santos, que considerou o golpe ?organizado?. Segundo a polícia, integrantes do grupo fraudavam papéis que eram autenticados no cartório que integrava o crime. Com estes documentos, eram pedidos os benefícios de pensão por morte a funcionários que integravam o esquema e imprimiam maior agilidade no processo de concessão. Gente simples, talvez arregimentada pelo cartório, assinava procurações ou os requerimentos de proveitos em troca de cestas básicas ou algum trocado.