Rio – A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio vai cobrar na Justiça, através de mandado de segurança, que o governo do Rio informe sobre 81 presos da Casa de Custódia de Benfica que, segundo seus parentes, estão desaparecidos desde a rebelião. A medida será tomada caso o Estado não o faça espontaneamente até hoje. O presidente da entidade, Octávio Gomes, acredita que mais detentos tenham morrido, além dos 30 anunciados oficialmente. A rebelião que durou 62 horas, no final do mês passado, deixou oficialmente 30 presos e um agente penitenciário mortos e 15 feridos.
Os 81 nomes foram passados por familiares que aguardam por notícias do lado de fora do presídio a representantes da OAB que estiveram lá na sexta-feira. Gomes disse que já enviou três ofícios ao governo perguntando sobre os detentos e não obteve resposta. Por conta da demora na liberação das informações – o motim terminou no dia 31 do mês passado -, ele anunciou que entraria com o mandado (que já está pronto) até sexta-feira, se o governo não se pronunciar.
Mortos
“O que ocorreu com esses 81 presos? É a pergunta que não quer calar”, disse Gomes. “Ou foram mortos, ou fugiram ou podem estar lá dentro mesmo.” O advogado foi enfático ao criticar a postura do governo. “O Estado está sendo insensível, demonstrando sua desorganização e despreparo na conduta da administração dos presídios.” Ele sugeriu que o Instituto Félix Pacheco seja chamado para identificar os internos que estão na casa, já que, durante o levante, os documentos foram queimados. O número de mortos, considera, pode ter chegado a 60. Gomes se baseou em relatos de parentes dos presos para fazer a estimativa.
O presidente da OAB considerou uma arbitrariedade o fato de integrantes da Comissão de Direitos da entidade terem sido impedidos de entrar por duas vezes na Casa de Custódia. A advogada Celuta Ramalho contou que, na última sexta-feira, só conseguiu chegar até os presos porque “entrou à força”.