Depois de traumas físicos, fraturas e lesões, as sequelas emocionais nos sobreviventes da tragédia da região serrana do Rio de Janeiro preocupam os médicos. Agora, o que o Hospital de Campanha de Nova Friburgo mais atende proporcionalmente são pacientes com problemas emocionais. Eles se queixam de não conseguir apagar da memória as cenas da tragédia.

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“Começamos atendendo as pessoas no leito, confortando-as enquanto os médicos faziam curativos. Depois sentimos necessidade de criar um núcleo de psicologia. O número de pacientes aumenta porque a capacidade de racionalizar a tragédia vai minguando. Uma hora a ficha cai”, diz a capitão e psicóloga da PM Renata Pereira da Silva, coordenadora do setor.

Em cinco dias, o número de pacientes diários dobrou. No domingo, foram atendidas 11 pessoas; ontem, 22. Quem relatou a demanda foi a médica responsável pelo hospital, major Simone Maeso. Ela reparou que quando chovia, as pessoas diziam que estavam passando mal. “Reclamavam de dores no corpo, falta de ar. Era tudo psicossomático.” A médica diz que, com o tempo, esses pacientes passaram a declarar sua angústia sem constrangimento: “Elas queriam um alívio para a cabeça”.

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