No rastro das desavenças diplomáticas envolvendo Brasil e Espanha, com cidadãos dos dois países sendo barrados e deportados nos aeroportos em decisões que misturam controle de fronteira e retaliações, nesta quinta-feira (13) foi o dia de os políticos entrarem no debate. O deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), delegado da Polícia Federal e ex-secretário de Segurança do Rio, propôs começar a retaliar as empresas espanholas que trabalham no Brasil. O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) fez uma proposta ainda mais ousada: que os brasileiros deixem de usar os serviços do banco Santander e da Telefonica.
As duas propostas vão na contramão do trabalho dos senadores da Comissão de Relações Exteriores e da área diplomática, que tentaram nesta quinta-feira mitigar a crise entre os dois países. Itagiba fez o discurso no plenário da Câmara e anunciou que enviará um ofício exigindo que a Polícia Federal, Ministério do Trabalho e o Ministério da Justiça fiscalizem urgentemente as empresas espanholas. O deputado disse que executivos das multinacionais estariam trabalhando no Brasil com o visto de turista e não de trabalho, que é concedido pelo Ministério do Trabalho. "A prática é usada por todas as empresas espanholas", disse Itagiba. "Pelas informações que recebi, são todas, as da área de gás, telefone, setor financeiro e de pedágio em rodovias", disse Itagiba ao Estado.
Itagiba defendeu a retaliação por causa da deportação seguida de cidadãos brasileiros que desembarcam no Aeroporto de Barajas, em Madri. "A PF e as autoridades de imigração brasileira devem atuar imediatamente e tratar com a mesma moeda os espanhóis que vêm para o Brasil", disse Itagiba. "Se atuarmos junto a essas empresas, elas vão pressionar o governo espanhol a parar de humilhar os trabalhadores brasileiros, porque são muito mais poderosas que os partidos e os sistemas políticos", acrescentou.
Já o deputado Luiz Carlos Hauly propôs que, "se a Espanha não mudar seu comportamento, o País deve fazer uma campanha para que os brasileiros fechem suas contas no Banco Santander (que comprou o Banespa) e mudem de empresa telefônica. As que tiverem matriz na Espanha devem ser boicotadas pelos brasileiros", propôs Hauly. Empenhada na redução da crise, a Embaixada espanhola não quis se pronunciar a respeito das propostas dos deputados Itagiba e Hauly.