Há mais de seis meses licenciado para tratamento de um câncer no pâncreas, o deputado Ricardo Fiúza (PP-PE) morreu na tarde de ontem, por volta das 15 horas (horário local), aos 66 anos, na sua residência, no bairro de Boa Viagem, zona Sul do Recife.
O corpo de Fiúza seria velado até às 23 horas na Assembléia Legislativa de Pernambuco, de onde seguiria para a capela do Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na região metropolitana da capital pernambucana, onde será enterrado amanhã (13), às 11 horas.
Casado com Ilse Fiúza, com quem teve quatro filhos, ele era conhecido como "Fiuzão" nos tempos em que foi um dos parlamentares mais influentes do Congresso – até o início da década de 90. Um dos líderes do Centrão – bloco conservador majoritário que conseguiu barrar várias proposições da esquerda na Constituinte, até mesmo o parlamentarismo -, Fiúza participou da tropa de choque do ex-presidente Fernando Collor de Mello, ao lado do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Em 1991, o deputado do PP de Pernambuco foi acusado de receber um jet ski da construtora OAS e US$ 100 mil da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para financiar a campanha em 1990.
Em 1993, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigou desvios no Orçamento Geral da União o acusou de manipular recursos orçamentários sem autorização do Legislativos incluindo emendas depois de votado o Orçamento. Na época, o ex-deputado José Dirceu (PT-SP) pediu a cassação de Fiúza, mesmo sem provas.
Em 20 de julho, licenciado, o deputado do PP recebeu em sua casa a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia se encontrado com o presidente nacional do PSB, deputado Miguel Arraes, que se encontrava internado no Hospital Esperança. De Fiúza, Lula ganhou uma imagem de Santa Bárbara, protetora dos desesperados.
Nascido em Fortaleza, o deputado construiu a vida política em Pernambuco, onde também atuava como advogado (formado pela Universidade Federal de Pernambuco) e pecuarista. Fiúza entrou na política elegendo-se deputado pela Arena, em 1971, em pleno regime militar. Cumpriu seis mandatos seguidos na Câmara dos Deputados. Deu uma pausa na vida pública depois das acusações de corrupção, deixando de candidatar-se em 1994. Na eleição seguinte, retornou à Câmara. Estava no oitavo mandato.
Foi chefe da Casa Civil e ministro da Ação Social no governo Collor, em 1992. Além da Arena, passou pelo PDS, PFL e PP. Relator do novo Código Civil brasileiro, em vigor desde 2002 Fiúza dizia que gostaria de ser lembrado por esse trabalho, e não como corrupto.