O deputado Paulo Piau (PMDB-MG) levou nesta quarta-feira (31) à Comissão de Agricultura da Câmara sacos de leite e embalagens com derivados produzidos pelas cooperativas Casmil e Copervale, e tentou defendê-las da acusação da fraudar a produção de leite do tipo "longa vida". Diante de jornalistas, o deputado bebeu o leite das cooperativas. Elas foram acusadas pela Polícia Federal (PF), com base nas investigações realizadas durante a Operação Ouro Branco, de adicionar soda cáustica e água oxigenada ao leite do tipo "longa-vida" em um processo de reaproveitamento de produtos com prazo de validade vencido. Outro deputado, Luiz Carlos Setin (DEM-PR), também tomou o leite, com um pouco de café.
Piau disse que não estava fazendo apologia da fraude e afirmou que o problema, no caso dos laticínios, é "estrutural" e que, portanto, não se deveria "crucificar" o produto das duas cooperativas nem transformá-las em bodes expiatórios. "Tem que fiscalizar, e esse papel essencial é do governo. Mas não há como ter um leite de Primeiro Mundo em um país em que as condições de produção são de Terceiro Mundo", defendeu. Ele afirmou que a qualidade do leite em outros países é superior à do Brasil e que para que o leite brasileiro tenha qualidade, será preciso ainda um processo demorado.
Piau criticou a ação da Polícia Federal, afirmando que as investigações foram feitas apenas em cooperativas responsáveis e só atingiu os pequenos produtores. "É uma atitude deliberada para destruir o cooperativismo", acusou Piau. Ele acrescentou que os laboratórios atestaram que os produtos adicionados reduzem o valor nutritivo do leite, mas não causam problemas à saúde humana. "Nós não podemos parar de tomar leite por causa das denúncias. É melhor tomar leite do que refrigerante", afirmou o deputado mineiro.
Entre os derivados de leite expostos por Piau durante a entrevista estavam queijo tipo mussarela, requeijões cremosos e bebidas lácteas. Ele afirmou ainda que, em 2002, foram realizadas investigações por comissões parlamentares de inquérito (CPIs) em Assembléias Legislativas de seis Estados sobre as condições do leite produzido em cooperativas e que, na época, foram identificadas fraudes, e o resultado foi encaminhado ao Ministério Público e à Justiça.