Deputado confessa em fita que matou 8 pessoas

Rio – Numa gravação de três minutos e 43 segundos de uma conversa com assessores do empresário do ramo de loterias Carlinhos Cachoeira, o deputado federal André Luiz (PMDB) diz que ele e seu grupo de seguranças assassinaram oito pessoas no Rio de Janeiro. André Luiz é acusado de cobrar propina de Cachoeira para livrá-lo de investigações na CPI da Loteria Estadual.

A transcrição da conversa está publicada na revista Veja deste final de semana. Na fita, o deputado fala da morte de um de seus seguranças, um sargento da PM, no dia 19 de setembro. "Tive que dar um montão de tiro lá naquela p.! Botei a minha segurança toda na rua. Prendemos os dois caras que mataram meu segurança e matamos os outros dois", diz André Luiz, conforme transcrição da revista.

O fato referido é o assassinato do sargento da PM José Carlos de Abreu Silva, encontrado morto em Bangu. Na versão oficial, o policial foi assassinado ao tentar ajudar um amigo a recuperar uma moto roubada. Num trecho da conversa, o deputado diz que coordenou pessoalmente a operação para pegar os assassinos. "Eu disse ao coronel: ?Vamos fazer uma ocupação nesses lugares. Eu ligo pro secretário, ligo pro comandante-geral, vamos pegar reforço, vamos ocupar essa p. toda e vamos prender todo mundo?..".

A fita já foi ouvida pela promotora Dora Beatriz Wilson da Costa, do Ministério Público estadual. Ela recebeu a visita de dois advogados de Cachoeira, que vão entregar o material oficialmente na quarta-feira.

Mas André Luiz está se complicando também na Câmara Federal. A Comissão de Sindicância destinada a apurar denúncias contra ele se reuniu nesta quarta-feira pela primeira vez para definir as estratégias de trabalho. A comissão vai apurar a denúncia de que o parlamentar teria pedido ao empresário Carlinhos Cachoeira R$ 4 milhões para que o nome dele não aparecesse na lista de pessoas indiciadas no relatório final da CPI da Loterj da Assembléia Estadual do Rio de Janeiro.

O deputado Severiano Alves, que integra a comissão, disse que o ponto de partida da investigação será todo o material divulgado pela imprensa a respeito do caso. Ele confirmou que a fita com a gravação das supostas negociações envolvendo André Luiz será requisitada. Alves disse ainda que poderá ser objeto de investigações outras denúncias publicadas contra o parlamentar fluminense de possíveis extorsões a empresários que seriam convocados por CPIs já realizadas pela Câmara.

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