Brasília
– Depois de longos anos de ostracismo, o ex-deputado alagoano Cleto Falcão, um dos cinco principais colaboradores do ex-presidente Fernando Collor de Mello, decidiu abrir o verbo. Falcão, líder do ex-presidente Fernando Collor, na Câmara, está lançando um livro em que revela, entre outras coisas, como conheceu o traficante Pablo Escobar em Cascavel, no Paraná, e como enganou o Papa João Paulo II, fazendo-se passar por líder do Partido Católico do Brasil (PCB), que nem existiu.Falcão rompe um longo silêncio e confessa que mentiu para conseguir uma audiência com João Paulo II em janeiro de 1991. Com a intermediação do jornalista Sebastião Nery, então adido cultural do Brasil na Itália, Cleto se aproximou de um alto funcionário do Vaticano e pediu um encontro com o Papa. Disse que era um parlamentar do maior país católico do mundo e que não poderia voltar ao Brasil sem um encontro particular com o chefe da Igreja. Nery foi além: “Ele é do Partido Católico do Brasil”, apelou, conseguindo um encontro de cinco minutos, em português, com o Papa.
O ex-deputado relata ainda um encontro misterioso no Hotel De Ville, em Cascavel, no Paraná, em 1988, na primeira fase da campanha de Collor. Por volta das 2h30m, sem sono, Cleto foi até a recepção em busca de companhia feminina.
Avisado pelo recepcionista de que não havia mulheres por ali, o ex-deputado puxou conversa com o primeiro hóspede que encontrou, um homem de meia idade, de jeans e jaqueta preta. Cleto se apresentou como deputado e disse que o interlocutor tinha uma expressão familiar. A resposta veio seca. “Posso ser reconhecido por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo”, disse o esnobe interlocutor, saindo em direção a um dos dois Opalas que pararam em frente ao hotel.
Impressionado, Cleto ficou em pé em silêncio, sem reação. De repente, o homem, cercado por oito seguranças, voltou até ele e perguntou seu nome. Cleto se identificou e pediu para que o interlocutor fizesse o mesmo. “Meu nome é Pablo. Pablo Escobar”, respondeu o homem misterioso. Cleto foi líder do PRN na Câmara. Ele formava com os colegas Renan Calheiros, Marcos Coimbra, Cláudio Vieira e PC Farias o seleto grupo de aliados de Collor, batizado de República das Alagoas.