O governo começou a se preocupar seriamente com a possibilidade de haver atraso na votação da emenda constitucional que prorroga até dezembro de 2011 a cobrança da CPMF e a Desvinculação de Recursos da União (DRU). O relator das duas emendas na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deveria ter entregue o relatório em maio, mas ele ainda nem examinou a proposta do governo.
?Só vou começar a me deter no projeto na semana que vem. Por enquanto estou sem tempo, porque sou relator de outras propostas e estou envolvido com a CPI do Apagão Aéreo?, justificou-se Cunha. ?Espero terminar o parecer até o fim do mês.
O Planalto tem informações de que Cunha retarda ao máximo o trabalho para pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nomear logo o ex-prefeito Luiz Paulo Conde presidente de Furnas. Na CPI, sua atuação tem desagradado ao governo, pois ele adotou a linha de sempre criar problemas.
CPMF e DRU, também chamados de ?impostos da governabilidade?, acabam em dezembro deste ano. Como a CPMF é uma contribuição, diz a Constituição que tem de ser aprovada três meses antes para entrar em vigor. Por isso, a luta do governo é para que Câmara e Senado votem a prorrogação até 30 de setembro, o que, em termos de tramitação de emenda constitucional, seria um recorde. Como a demora de Cunha já preocupa o Planalto, o vice-líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), disse que vai procurá-lo para pedir que seja rápido. ?Vou conversar com o relator para ver se ele consegue abreviar os prazos?, afirmou Fontana.