Brasília – Um ?fato novo? ? que surpreendeu tanto os jurados quanto a acusação ? contribuiu para a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang: a nova versão do depoimento de Amair Feijoli da Cunha.

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Segundo o promotor do caso, Edson Cardoso de Souza, o réu, já condenado como intermediador no crime, havia afirmado em seu depoimento no ano passado que a ordem para execução da religiosa veio de Bida mas, no julgamento de ontem (6),  desta vez como testemunha de defesa, apresentou outra versão e negou os fatos.

?A presença em plenário do acusado Amair surpreendeu tanto a gente quanto os próprios jurados. Amair disse que Bida não teve participação nenhuma, indo contrário ao que tinha dito no próprio julgamento dele?, informou Souza hoje (7) em entrevista à Agência Brasil.

O promotor avalia que o testemunho de Amair provocou ?uma dúvida muito grande? nos jurados, que, por cinco votos a favor e dois contra decidiram pela absolvição de Bida, na 2ª Vara do Juri de Belém (PA).

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?Eles [os jurados] não estavam tão errados na absolvição porque surgiu, em plenário, um fato novo, que deixou os jurados um pouco duvidosos.?

Souza reforça que vai entrar com recurso em um prazo máximo de cinco dias, a contar de hoje, pedindo um novo julgamento para Bida, mas não acredita que isso possa acontecer ainda neste ano.

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?Estamos preparando um recurso de apelação para o Tribunal de Justiça e quem vai decidir a possibilidade de um novo julgamento são os desembargadores. Sem sombra de dúvida, se houver um novo julgamento, não será mais neste ano.?

Apesar da demora, o promotor de diz confiante de que o pedido da acusação será acatado. Para ele, os desembargadores ?vão entender que foi muito forte a participação de réu [Amair] perante o juri e que merece uma apuração melhor?.

Sobre as ameaças que afirma estar sofrendo há cerca de um ano, Souza admite a possibilidade de estarem relacionadas ao caso Dorothy Stang. Ele diz que, com a absolvição de Bida, os telefonemas e gravações em seu aparelho de secretária eletrônica devem cessar mas, caso o novo julgamento seja concedido, ?a coisa pode[ser] retomada?.

?Ameaças dizendo que minha família vai ser tombada. Preocupado a gente fica, mas é a minha função e a gente não pode deixar de trabalhar.?

Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros em fevereiro de 2005, no município de Anapu, na região oeste do Pará. Brasileira naturalizada, a missionária que nasceu nos Estados Unidos trabalhava há mais de 30 anos em pequenas comunidades e defendia o direito à terra e à exploração sustentável da Amazônia.