Boa Vista – Uma contradição no depoimento à polícia de Diva Silva Briglia, ex-chefe de Gabinete Civil do governo de Roraima, complicou ainda mais a situação do governador do Estado, Flamarion Portela (PT). Durante o depoimento, ela disse que Portela sabia da existência de uma folha de pagamentos paralela, na qual foram incluídas pessoas indicadas por um ex-deputado estadual. Depois, procurou isentar o governador de qualquer responsabilidade nas fraudes.
O depoimento de Diva foi um dos mais longos tomados pela PF durante as investigações da Operação Praga do Egito, que desvendou o esquema de folha de pagamento fantasma de Roraima, conhecida como folha gafanhoto. Nas 10 horas de interrogatório, Diva contou como o esquema era feito, afirmando que muitas vezes atendia pedidos de deputados, encaminhados pelo ex-governador Neudo Campos, que está preso na Cadeia Pública de Boa Vista, e ontem prestou seu primeiro depoimento à PF.
Aos nove delegados que a ouviram, a ex-chefe do gabinete civil, que foi também secretária de administração de Neudo e de Portela, quando este assumiu o poder com a desincompatibilização do governador, de quem era vice, contou que não achava estranho o volume de procurações apresentadas por deputados. Funcionária antiga do Estado, Diva afirmou que isso era normal entre servidores que moravam no interior, que passavam procurações para pessoas receberem seus salários.
Diva procurou não envolver Portela no esquema, mas caiu em contradição quando se referiu ao ex-deputado estadual Bernardino Alves Ciqueira, adversário de Neudo, que se aliou a Flamarion quando ele assumiu o governo.
José Genoino defende acusado
Brasília
(AE) – O presidente nacional do PT, José Genoino, defendeu ontem o governador de Roraima, Flamarion Portela, citado em depoimentos como suspeito de ter ligações com um esquema de irregularidades na folha de pagamentos do Estado. “O governador tem trabalhado para fazer uma limpeza no Estado de Roraima”, afirmou Genoino durante entrevista concedida por volta das 22h15 após reunião de cerca de duas horas com o governador no escritório do partido em Brasília.Genoino disse que até o momento não existe nenhum fato concreto ou prova que desabone as atitudes do governador. Ao falar sobre os depoimentos que reforçariam as suspeitas contra Flamarion, o presidente do PT disse que foram prestados por “pessoas que ele demitiu ou tirou do governo”. Genoino anunciou que integrantes da direção do partido serão enviados a Roraima para fazer um trabalho de apoio ao PT daquele Estado.
Petista já admite deixar partido
Brasília
(AE) – Pressionado pelos deputados da esquerda do PT, com os quais diz estar magoado, o governador Flamarion Portela já admite deixar o partido. A afirmação foi feita depois que deputados da chamada “esquerda” petista encaminharam uma petição à Executiva nacional do PT, pedindo o afastamento do governador dos quadros do partido. “Trata-se de uma medida sanitária e preventiva”, resumiu o deputado Ivan Valente (PT-SP), numa referência ao “esquema dos gafanhotos”, que abrigava funcionários fantasmas na folha salarial do governo de Roraima com objetivo de desviar dinheiro público para políticos locais.Na petição, os deputados do PT propõem o afastamento de Portela até que sejam esclarecidos os fatos e definidas as responsabilidades. “Não se trata de tirar o direito de defesa de nenhum filiado do partido, nem de fazer julgamentos e condenações a priori.”
