Denúncias mostrariam que operação no Rio não matou apenas “bandidos”

Brasília – A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil da Seção Rio de Janeiro (OAB/RJ) informou nesta quinta-feira (28) ter recebido denúncias de que pessoas sem envolvimento com o tráfico teriam sido mortas durante os confrontos no Complexo do Alemão, zona norte da cidade, ontem.

Segundo a Secretaria de Segurança do Estado do Rio, 13 pessoas foram mortas, mas todas ligadas ao tráfico de drogas nas favelas do complexo. Outras seis pessoas morreram e foram deixadas dentro de um carro no final da noite de ontem, na frente de uma delegacia na Penha, mas a polícia ainda está investigando se têm envolvimento com o tráfico.

De acordo com o presidente da Comissão, João Tancredo, três dos mortos teriam menos de 18 anos, e um deles, supostamente deficiente físico, foi esfaqueado. "A polícia alega que o menino estava carregando uma arma, mas isso não seria possível porque ele possui uma deficiência no braço."

A comissão da OAB também está acompanhando os trabalhos dos legistas no Instituto Médico Legal (IML) e investigando outras denúncias anônimas de que moradores teriam tido pertences saqueados pelos policiais.

O deputado estadual Marcelo Freixo (P-SOL), membro da comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio, também disse ter recebido denúncias de assassinatos a facadas de moradores do Alemão. Freixo contou ainda que esteve na favela da Grota, onde ocorreu grande parte dos confrontos de ontem.

"O que nós vimos é que não há ocupação do morro. Não havia policiais dentro da Grota [favela que faz parte do Complexo]. Então todo aquele movimento de entrada, de combate ao tráfico, que faz parte do discurso do governo, acaba sendo desmontado", disse o deputado.

Reportagem da Agência Brasil ontem mostrou depoimento sobre a morte de Bruno de Paula, de 20 anos, que teria sido atingido dentro de casa, enquanto assistia à televisão. Segundo a vizinha Elisângela Vieira, Bruno não teria envolvimento com o tráfico. Ela ajudou a carregar o corpo até a entrada da favela, junto com parentes e vizinhos, como uma forma de protesto contra a atuação da polícia.

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