A ex-assessora financeira do PT de Londrina, Soraya Garcia, prestará depoimento à CPMI dos Correios no dia 4 de outubro fazendo revelações sobre o caixa 2 do partido mantido durante as eleições de 2004. De acordo com reportagem publicada pela revista IstoÉ, as denúncias da ex-assessora devem atingir, inclusive, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na época deputado. Em entrevista concedida à revista, Soraya expôs que o dinheiro chegava em sacolas e coincidia sempre com a presença de Bernardo na cidade.

continua após a publicidade

A ex-assessora já prestou denúncias à Polícia Federal em julho, revelando a existência de gastos não contabilizados pelo PT à Justiça Eleitoral durante a campanha que elegeu o prefeito Nedson Micheletti – no total, o caixa 2 comportou R$ 6,5 milhões, como afirmou a ex-assessora ao Ministério Público. As investigações que se seguiram confirmaram muitas das informações prestadas, resultando em 48 caixas de documentos varridos das empresas citadas por Soraya.

Entre os documentos apreendidos, ainda segundo a reportagem, estavam notas de locadoras de automóveis contendo nomes comprometedores. Um deles, um Vectra alugado pela Localiza, tinha como responsável Jacks Dias, presidente do PT, e como condutor Nedson Micheleti. O responsável pelo pagamento, de acordo com a IstoÉ, era a empresa Fóssil, que faz a coleta de lixo em Londrina e que, conforme o depoimento do ex-diretor financeiro da Comurb Eduardo Alonso à Justiça, tem como sócio oculto o líder do PP, José Janene, um dos líderes do mensalão.

Seguindo as denúncias, uma outra empresa apareceu nos documentos avaliados pela PF. Trata-se da Gtech, envolvida em contratos suspeitos com a Caixa Econômica Federal e já investigada pela CPI dos Bingos. A ex-assessora disse à revista que havia notas pagas pela empresa. "Contamos 12, duas na Localiza e dez na Brascar, pagando aluguel de carros Gol e Citroën." As investigações revelaram ainda um pacote com cinco notas da Avis Rent-a-Car, referentes a cinco Celtas alugados para petistas locais nomeados por Soraya: Oscar Bordin (vice-presidente da Sercomtel, empresa local de telefonia), Valter Orsi (ex-presidente da Associação Comercial), Antônio Ursi (assessor especial do prefeito), Claudião (segurança do vice-prefeito) e Rafael Silva (assessor de mobilização do prefeito e ex-presidente da União Londrinense de Estudantes Secundaristas).

continua após a publicidade

Quem fazia o pagamento pelas locações era uma empresa de São Paulo, a Yaktur, do ramo de turismo, que teria vindo ao conhecimento de Soraya depois de um pequeno acidente envolvendo o líder estudantil – hoje Rafael trabalha no gabinete do prefeito de Londrina, conforme constatou a reportagem da revista. A fatalidade levou, então, ao nome de Marcos Valério, pautado como o condutor do mensalão na Câmara dos Deputados.