Denúncias atingem empresário

Araçatuba – Em Araçatuba, no interior de São Paulo, o empresário Márcio José Pavan, considerado um dos líderes da organização criminosa comandada pelo argentino César de la Cruz Arrieta, acusado de fraudes na Previdência Social e Receita Federal, é filiado ao PSDB e teve o nome cogitado para candidato a prefeito da cidade natal em 2004.

Pavan é apontado como membro de um esquema para a formação da caixinha do ?mensalão?, que envolveria o ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT Delúbio Soares, o presidente nacional licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), e o deputado José Dirceu (PT-SP).

O sonho do empresário era ser deputado, segundo um conhecido dele que não quis ser identificado, mas a candidatura não deu certo porque o PSDB apoiou o PFL, cujo candidato à reeleição era o ex-deputado e atual prefeito Maluly Netto, um dos parlamentares que teve mais mandatos em Brasília (nove consecutivos na Câmara dos Deputados) e um dos fundadores do PFL.

Pavan era amigo e sócio de Maluly Netto. Nos bastidores, há comentários de que o empresário teria contribuído para campanhas de políticos locais e da região, tanto do PSDB como de outros partidos, nas eleições de 2000, 2002 e 2004.

Antes de ser preso pela Polícia Federal (PF), em abril, em Cotia, na Grande São Paulo, Pavan passeava em Araçatuba com carros importados e helicóptero.

Freqüentava casas de personalidades políticas e empresariais, embora a mãe dele resida até hoje no bairro Paraíso, de classe média. Em 2000, Pavan comprou revendedoras de carros e de motocicletas e adquiriu do prefeito de Araçatuba a usina de álcool Alcomira, sediada em Mirandópolis (SP).

A transação complicou-se e Maluly Netto alegou que foi passado pra trás, mas, em 2003, eles chegaram a um acordo e uniram-se para vender a usina ao empresário Walter Luiz Hoelz, acionista majoritário da Companhia Têxtil do Nordeste (CTN). A PF suspeita que a usina tenha sido usada no esquema de fraudes tributárias mantido pela quadrilha.

As revendedoras de automóveis também foram vendidas em 2003. Antes, em 2000, Pavan foi anunciado por Maluly Netto, como novo controlador do Banco Interior Paulista, mas a liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central (BC), em fevereiro de 2001, impediu-o de usar a instituição financeira para gerenciar a dívida ativa da Prefeitura. A extinção do banco bloqueou R$ 1,3 milhão de recursos públicos da administração municipal depositados por Maluly Netto. Por causa disso, O prefeito responde a um processo de improbidade administrativa que poderá culminar com a cassação do mandato.

Além de Pavan, a PF prendeu em abril outros dois araçatubenses acusados de pertencer ao bando de Arrieta: o empresário Marcelo de Oliveira Batista e o advogado Ricardo Cardoso Godoy. Batista e Godoy estariam envolvidos no esquema da quadrilha para vender R$ 10 milhões em créditos-prêmios de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o Banco BVA.

Era receber por esses créditos podres que Pavan relata nas ligações interceptadas como o ?milagre do BVA?. A liquidação não foi feita até hoje. O empresário continua preso no Presídio Central de Porto Alegre. Ao contrário dos dois araçatubenses, que foram libertados, Pavan não conseguiu obter habeas-corpus, negado em junho pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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