O Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza, apresenta nesta sexta-feira (23) ou no início da próxima semana a denúncia contra o ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Os dois são suspeitos de integrar um esquema de desvio de recursos classificado pelo procurador como um "embrião" do mensalão petista e que teve a participação também do empresário mineiro Marcos Valério. Essas irregularidades foram cometidas durante a campanha de Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998.
Diante da notícia de que deve ser denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Mares Guia acertou seu afastamento do governo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula decidiu, no início do primeiro mandato, chamar Mares Guia para o Ministério do Turismo independentemente dessa suspeita. "Esse cidadão chega com um problemaço para mim: Presidente, eu não posso nem pensar em aceitar, porque estou sendo acusado. Eu falei: e você cometeu o crime de que você está sendo acusado? ‘Não.’ Então, prove a sua inocência assumindo o Ministério do Turismo", relatou o presidente ao dar posse a Mares Guia em março deste ano.
Um inquérito feito pela Polícia Federal indicou que Azeredo foi o principal beneficiário do desvio de dinheiro. Mares Guia é citado como um dos 36 envolvidos no caso. Nessa mesma investigação, a PF relatou que Mares Guia indicava políticos mineiros para receber recursos da campanha e contribuía para contratar empréstimos no Banco Rural, o mesmo usado pelo PT para irrigar o mensalão.
Mares Guia admitiu ter emprestado R$ 511 mil para que Azeredo pagasse dívidas de caixa dois da campanha, mas negou reiteradas vezes ter cometido irregularidades. A denúncia, se de fato for apresentada pelo procurador, ficará sob a relatoria do ministro do STF Joaquim Barbosa, que também relata a ação penal do mensalão petista. Para que uma ação seja aberta contra Azeredo e Mares Guia, os ministros do STF, por maioria, precisam acatar a denúncia.
