A epidemia de dengue deste ano no Estado do Rio custou mais de R$ 134 milhões para o bolso das famílias fluminenses que tiveram um membro contaminado. O valor é quase sete vezes maior do que todo o orçamento de 2008 para a Vigilância Epidemiológica Estadual – estimado em cerca de R$ 20 milhões pela Secretaria de Estado da Saúde do Rio. O resultado é apontado por um levantamento da Fundação Getúlio Vargas e impressiona até mesmo seu autor, Ulysses Reis, professor da instituição. ?Refizemos os cálculos várias vezes?, diz.
O gasto médio por pessoa contaminada desde o início deste ano foi de R$ 1.778,28. Mais do que a renda média do brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de R$ R$ 1.189,90. Para chegar a esse resultado, foram analisadas 60 famílias que, além de pagar seus impostos, tiveram de arcar com as despesas da doença.
A análise envolve itens como gastos com remédios, internação em hospitais particulares, custo dos dias sem poder trabalhar e até mesmo o valor do funeral das vítimas da dengue. ?O resultado é um reflexo da ausência e da irresponsabilidade do poder público?, afirma Reis.
Em média, as despesas com as vítimas da dengue representam um mês e meio do salário dessas famílias. ?Esse enorme gasto nem sempre é percebido pelas pessoas, pois as despesas são feitas aos poucos, muitas vezes a prazo?, explica Reis.
O pesquisador acredita que o valor possa ser ainda maior, pois considera que o número de infectados seja pelo menos o dobro do divulgado pelas autoridades. ?Nesse caso, seriam cerca de R$ 263 milhões?, afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.