Os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e José Agripino Maia (RN), líder dos Democratas no Senado Federal, defenderam a ampliação das investigações do caso Renan Calheiros. Após participarem do Seminário Um Novo Modelo de Gestão do Transporte Aéreo, na capital, os senadores afirmaram que além da verificação da autenticidade das notas fiscais que Renan Calheiros apresentou para justificar ganhos de R$ 1,9 bilhão nos últimos quatro anos com a venda de gado em Alagoas, é preciso apurar se esta operação ocorreu de fato. "Esses documentos podem ser autênticos materialmente, mas podem ser ideologicamente não autênticos", destacou Demostenes Torres.
Segundo o senador goiano, é preciso fazer uma investigação mais ampla. "Eu vou dar um exemplo, se eu chego com um Mercedez último tipo e com uma nota fiscal, ela (a nota) pode ser autêntica. Agora, eu posso não ter lastro para comprar este automóvel", ironizou, complementando que no caso do senador Calheiros ainda há muito a ser investigado.
O senador José Agripino também disse que a suspensão sobre a autenticidade das notas fiscais apresentada por Calheiros complica ainda mais a situação. "A elucidação das provas se impõem e é um trabalho que tem de ser feito, não em 48 horas. É importante esclarecer se a nota fiscal é autêntica, mas o mais importante de tudo é esclarecer se a operação física (compra e venda de gado) realmente aconteceu", frisou.
Para o líder dos democratas no senado, se até amanhã – prazo previsto para a votação do caso Renan Calheiros no Conselho de Ética – não houver um esclarecimento completo deste episódio, será necessário adiar a votação, sob pena da Casa votar de uma forma não recomendada. "A situação já está criando constrangimento no Senado e se eu estivesse no lugar do Renan eu já teria pedido afastamento do cargo até a situação ser esclarecida", opinou José Agripino.
Para Demóstenes Torres, "o Senado fica muito mal e está sangrando com toda esta situação". Na sua avaliação, o senadores não possuem ânsia nem para condenar ou absolver, mas sim para investigar. "E isso que deveríamos estar fazendo. É a primeira vez que acontece na história do Senado Federal um julgamento sem investigação", complementou.