Delúbio pede e é suspenso por tempo indeterminado

  Rubio Guimarães / AE
Rubio Guimarães / AE

Maioria dos integrantes do diretório acredita que Delúbio será expulso
ao fim das investigações da
Comissão de Ética do PT.

São Paulo (AE) – O ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT Delúbio Soares antecipou-se hoje à decisão do diretório nacional do partido e pediu, por carta, a suspensão da filiação por tempo indeterminado. Depois de assumir toda a responsabilidade pelo uso de recursos de caixa dois (recursos não declarados em campanhas petistas), Delúbio pediu que o afastamento dure até o fim do processo ético disciplinar que responde no partido. O afastamento não livra o ex-tesoureiro da obrigação de apresentar explicações à Comissão de Ética do partido. O depoimento dele, que estava previsto para amanhã (07), foi adiado.

O pedido de afastamento foi aprovado pelo diretório nacional por 27 votos. Outros 16 integrantes preferiram que ele fosse suspenso, seguindo os termos do estatuto do partido, por 60 dias. Houve 7 abstenções.

A maior parte dos integrantes do diretório acredita que Delúbio será expulso ao fim das investigações da Comissão de Ética do PT. A carta do ex-tesoureiro evitou que o Campo Majoritário, o grupo de tendência moderada que ele integra, passasse pelo constrangimento de votar contra a proposta de suspensão apresentada pelo Bloco de Esquerda Parlamentar na reunião do diretório nacional, realizada hoje, na sede nacional do partido, em São Paulo. Uma proposta de expulsão – que foi posta em votação e rejeitada, obtendo apenas 7 votos – livraria o ex-tesoureiro da investigação.

Negociação – A notícia de que a carta do ex-tesoureiro chegaria à reunião foi anunciada pelo presidente do PT, Tarso Genro, logo depois do intervalo para almoço. Os integrantes do diretório passaram então a votar outros pontos, adiando o debate sobre Delúbio, cujo afastamento tinha sido defendido logo no início da reunião por vários dirigentes.

Os integrantes da Esquerda Petista suspeitam que foi feito um acordo para que Delúbio apresentasse a carta. Apontam como indícios disso a demora para o documento chegar à sede do partido e o fato de ter sido aprovado nos termos pedidos pelo tesoureiro. "Não houve acordo", reagiu o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Na carta de 12 linhas, Delúbio afirma que tentará "demonstrar a improcedência das acusações" que pesam contra ele. Lembra sua participação "na construção histórica do PT" e encerra com o tradicional "saudações petistas".

Divididos – A reunião do diretório nacional foi marcada pelas divisões entre os dirigentes petistas sobre o que fazer com os envolvidos com as acusações. Integrantes do Bloco de Esquerda Parlamentar da legenda propuseram um duro conjunto de medidas, que incluem investigação pela Comissão de Ética de todos os envolvidos nas denúncias e afastamento até o fim das investigações.

Já o Campo Majoritário e os líderes do governo no Senado Aloizio Mercadante, e na Câmara, Arlindo Chinaglia, apresentaram propostas divergentes não só da proposição da esquerda, mas também entre si.

"O estatuto prevê o direito de defesa e ninguém pode ser afastado sem ser ouvido", disse Mercadante. "Se não quiserem ser ouvidos ou não prestarem informações no tempo necessário, aí se pode pensar no seu afastamento."

Na opinião de Chinaglia, porém, Comissão de Ética traz a conotação de punição: "Dizer que alguém foi à Comissão de Ética do PT agrava o quadro." Para Chico Alencar, do Bloco de Esquerda o ideal seria se todos os acusados pedissem seu afastamento: "Mas, não havendo esse gesto de grandeza, o diretório tem que deliberar."

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