São Paulo (AE) – São do delegado André Di Rissio os dois carros da marca Jaguar encontrados em sua casa pela Polícia Federal (PF). Ele foi preso quinta-feira, sob a acusação de participar de um esquema de liberação de mercadorias ilegais no Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Segundo Di Rissio, que nega qualquer participação nos crimes investigados, além dos rendimentos de delegado e professor, ele recebe ajuda financeira do pai, desembargador, e do sogro, que teria doado R$ 150 mil à filha neste ano e no ano passado.
A versão de Di Rissio, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), está no habeas corpus impetrado por seu advogado, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3). A expectativa de Mariz é de que o pedido de liminar seja apreciado amanhã. De acordo com o documento, os veículos estão registrados em nome da empresa Matrix, cujos donos são amigos do delegado, porque ele tem uma demanda judicial em face do Banco Nossa Caixa.
Di Rissio, o delegado Wilson Roberto Ordones, três auditores fiscais e outras 11 pessoas foram presos pela Operação 14 Bis. Segundo as autoridades que investigaram o caso, os auditores recebiam mercadorias ilegais dos Estados Unidos e, por intermediação dos delegados, cobravam propina de empresários para liberar as cargas. O MPF investiga também se houve lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Segundo Mariz, a Justiça Federal não apontou indícios concretos de participação de Di Rissio para decretar sua prisão preventiva. O advogado destacou também que só seu cliente e Ordones tiveram preventiva decretada. Para Mariz, o delegado sofre "coação ilegal" e "cada novo dia vivido na prisão representa um tormento de proporções inimagináveis, tanto para ele como para familiares, amigos e colegas de profissão".