Delegado afastado critica superintendente da PF do Amapá

Em longa conversa de mais de quatro horas com a cúpula da Polícia Federal, da qual se despediu antes de viajar na quarta-feira (17) para ficar com a família no Recife, o ex-diretor-executivo Romero Menezes disse que foi vítima de “canalhice”, patrocinada pelo superintendente da PF no Amapá, delegado Anderson Rui Fontel de Oliveira, que teria contra ele uma “rivalidade pessoal”, e da “imaturidade” do procurador Douglas Santos Araújo, que pediu sua prisão.

Menezes admitiu, porém, que intercedeu em favor do irmão, José Gomes de Menezes Junior, que, segundo ele, vinha sendo alvo de picuinha pessoal do superintendente do órgão no Amapá, que se recusava a dar parecer para um pedido de Menezes Junior de inscrição em um curso de segurança portuária. Cabe à PF autorizar ou indeferir esse tipo de pedido em uma semana. O ex-diretor disse que, após um mês de espera, ligou algumas vezes para Fontel, com o qual bateu boca. Menezes disse ter exigido uma solução para o pleito do irmão. “Você, como superintendente da PF, tem de demonstrar competência ao menos para dizer não.” “Vou responder (o ofício) negativamente e relatar que fui pressionado pelo diretor-executivo”, devolveu Fontel.

O ex-diretor-executivo também confirmou que fez várias restrições à Operação Toque de Midas que, a seu ver, vinha sendo “mal conduzida” pelos delegados que cuidavam do caso no Amapá. Ele os aconselhou a desistirem do pedido de prisão do empresário Eike Batista, acusado na operação de fraude em licitação da concessão de ferrovias. “Não havia prova consistente para a prisão, nem mesmo para caracterizar o caso todo, por isso recomendei que a operação fosse adiada e os delegados voltassem para aprofundar as investigações e robustecer as provas.” A operação, porém, foi deflagrada no prazo estipulado pelos delegados do Amapá e Menezes foi denunciado por vazamento ilegal.

Ele disse que sua prisão resultou da combinação de falta de informação de um lado com inexperiência do outro. “Sou obrigado a concordar com o ministro Gilmar Mendes (presidente do Supremo Tribunal Federal): essa investigação, que levou à minha prisão, deriva da combinação de um delegado mal informado com um procurador precipitado, que cometeu uma aventura”, disse. O advogado Robinson Neves Filho, que defende Menezes, afirmou ontem que a prisão do cliente se baseou em elementos “frágeis e pueris” e ilações subjetivas, sem fundamento. Ele também disse que na discussão com o superintendente da PF no Amapá, Menezes apenas tentava garantir os direitos do irmão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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