Defesa de vítima de estupro no Rio de Janeiro tem reunião com MP-RJ

A defesa da jovem de 16 anos vítima de estupro coletivo na zona oeste do Rio de Janeiro teve uma reunião na noite deste sábado (28) com representantes da Coordenadoria de Direitos Humanos e das Promotorias de Justiça de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ). Segundo o coordenador de Direitos Humanos do MP-RJ, Márcio Mothé, os pleitos apresentados pela advogada Eloísa Samy Santiago serão encaminhados pelo promotor responsável pelo caso, Márcio Nobre.

Nobre é o responsável pelos casos relacionados à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), que cuida do caso de estupro porque filmagens do crime caíram na internet. Em entrevista ao RJTV, da TV Globo, Nobre ressaltou que o comportamento da vítima não tem influencia sobre a apuração da ocorrência de estupro e que a simples divulgação de vídeos já configura crime.

Em entrevista aojornal O Estado de S. Paulo, Mothé evitou fazer comentários sobre a conduta da polícia no caso, embora tenha admitido que a defesa estava indignada “com razão”. “O estupro é um crime absurdo, hediondo, com pena muito maior do que a divulgação (dos vídeos)”, afirmou Mothé, ressaltando que falava em caráter “genérico” e pessoal, não em nome do MP-RJ.

Segundo o procurador, a advogada Eloísa reclamou que a investigação da DRCI não está dando a devida atenção ao crime de estupro, focando-se com mais atenção na questão da divulgação dos vídeos. Mais cedo, ao Estado, Eloísa afirmou que o delegado Alessandro Thiers, titular da DRCI, está criminalizando a adolescente. “Ele perguntou à vítima se ela tinha por hábito participar de sexo em grupo”, disse.

Em resposta, a Polícia Civil afirmou em nota que “a investigação é conduzida de forma técnica e imparcial, na busca da verdade dos fatos”. Segundo a polícia, a vítima foi perguntada se conhecia outro vídeo em que ela apareceria tendo relações sexuais com homens, conforme relatara uma testemunha. A polícia também apontou para divergências entre a advogada e a mãe da adolescente.

Segundo Eloísa, após as perguntas consideradas por ela inadequadas, o depoimento foi interrompido, mas a mãe da adolescente passou a responder aos questionamentos do delegado. A advogada contou que, nesse momento, deixou a sala ao lado da vítima, e a mãe depôs separadamente.

A pedido da Polícia Civil, a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ) acompanhará as investigações sobre o estupro.

O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, afirmou que representar contra o delegado “faz parte da democracia”. “Se a advogada tiver razão, vamos adotar as medidas necessárias”, disse Veloso ao RJTV, da TV Globo.

Após a reunião no MP-RJ, Eloísa disse ao Estado que estava confiante de que teria uma resposta do promotor do caso na segunda-feira. No sábado de manhã, a adolescente deixou o apartamento onde mora, em um condomínio de classe média no bairro da Taquara, na zona oeste.

Segundo funcionários do prédio, a jovem foi embora com a mãe, o pai, o irmão mais novo e o filho de 3 anos. A advogada confirmou que a família deixou o apartamento, mas deu informações sobre a localização da família.

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