Brasília – Os argumentos de defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentados nesta quarta-feira (13) no Conselho de Ética pelo advogado, Eduardo Ferrão, basearam-se em acusações de abusos que estariam sendo cometidos pela Polícia Federal (PF) e pela imprensa. O processo contra Renan no conselho busca esclarecer se ele teve contas pessoais pagas pelo funcionário Cláudio Gontijo da empreiteira Mendes Júnior, amigo do parlamentar.

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Ferrão criticou a divulgação à imprensa de gravações feitas pela PF durante as investigações da Operação Navalha, que desbaratou um esquema de desvio de recursos públicos que envolvia políticos, empresários e servidores públicos. As acusações levaram ao P-SOL apresentar representação junto ao Conselho de Ética para que as denúncias fossem investigadas.

Segundo Eduardo Ferrão, o Brasil é hoje "o país do medo" por conta das escutas telefônicas promovidas pela Polícia Federal. "Quem não está com medo de ser interceptado, de ter sua vida devassada?", perguntou aos integrantes do conselho.

Ele questionou os métodos utilizados pelos policiais federais na condução das investigações. Frisando que não é contra investigações, Eduardo Ferrão disse que a PF tem tentado "arrastar" para as investigações da operação autoridades como o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o presidente do Senado.

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Citou também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como vítima dos supostos abusos. "Se vai bater na porta do irmão do presidente [no caso, Genival Inácio da Silva, o Vavá] com que propósito? Por que esse estrépito?" Vavá foi indiciado  por tráfico de influência e exploração de prestígio a partir da Operação Xeque-Mate, que busca desmontar diversos esquemas de tráfico de drogas, corrupção e jogos ilegais.

O advogado afirmou que a sociedade e as instituições públicas "estão acuadas" por conta de uma "conjugação perigosa entre a mídia e a polícia". Neste sentido, ele questionou a pertinência de o conselho chamar a jornalista Mônica Veloso, que teve uma filha com Renan e recebia uma pensão informal do parlamentar repassada por Cláudio Gontijo.

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Renan Calheiros enviou documentos à Corregedoria do Senado e ao conselho tentando demonstrar que o dinheiro provinha de suas contas e não eram pagas por Gontijo. Quanto ao amigo do presidente do Senado, o advogado afirmou que uma ida no conselho também não faria sentido porque ele já foi ouvido pela corregedoria da Casa.

O senador José Nery (P-SOL-PA), fez a defesa da representação. Afirmou que seria fundamental os senadores do conselho tomarem os depoimentos das pessoas envolvidas no caso. "Caso contrário este se tornaria um processo manco, que não teria andado [isto é, seguido a tramitação] de forma correta pelas denúncias apresentadas", disse.

O parlamentar argumentou, também, que o Conselho de Ética não dará "um bom exemplo à sociedade" caso decida pelo arquivamento da matéria sem a devida investigação. A decisão será tomada na sexta-feira (15), às 10 horas, na votação do parecer do relator, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que recomentou o arquivamento da representação por falta de provas.