Suzane von Richthofen, que confessou ter participado da morte dos pais, foi presa por volta das 20 horas de ontem, assim que se apresentou no 89º Distrito Policial. Depois, foi levada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde faria exames médicos e passaria a noite. Suzane teve a prisão preventiva decretada ontem, pelo juiz Richard Francisco Chequini, após quase um ano de liberdade.
O mandado atende a pedido do promotor Roberto Tardelli e foi feito com base em reportagem publicada com exclusividade por O Estado de S. Paulo no sábado, informando que ela quer cuidar do patrimônio da família.
Segundo o promotor, o irmão de Suzane, Andreas, corre risco de morrer. "Andreas é inventariante (administrador dos bens dos pais), autor da ação de exclusão de herança e testemunha no processo. Ou seja, ele se tornou um obstáculo vivo para que ela alcance seu objetivo, que é dinheiro", disse Tardelli.
O Estado de S. Paulo revelou que, no fim de fevereiro, Suzane procurou a Justiça pedindo para se tornar a gerente do patrimônio dos pais, assassinados em 2002. Ela confessou ter participado do crime com os irmãos Daniel, seu namorado na época e Christian Cravinhos.
A petição, assinada pelo advogado Denivaldo Barni Júnior, ataca Andreas duramente, dizendo que ele cuida dos bens com "total descaso e desleixo", age "com patente má-fé" e tenta manipular o Judiciário. "Os termos da petição são de quem se sente roubado", diz o promotor.
O pedido do Ministério Público Estadual (MPE), protocolado e atendido hoje, também cita reportagem exibida ontem no programa Fantástico, da Rede Globo, em que, orientada expressamente pelos advogados, Suzane simulou chorar 11 vezes e tentou parecer uma criança traumatizada. "Já que a lona do circo caiu na cabeça do palhaço, o palhaço pode fugir", advertiu Tardelli.
Na TV, sem saber que estava sendo gravado, o advogado Barni, na casa de quem Suzane está morando, foi flagrado dizendo para ela: "Chora." Aparece ainda uma voz, identificada depois como sendo do advogado Mário Sérgio de Oliveira, afirmando para Suzane: "Diz que ele mandou, ?se o amasse, era para fazer?; diz que te faz mal lembrar disso, ?pelo amor de Deus, não quero mais falar desse assunto, que me faz muito mal?."
Suzane aparece, então, seguindo à risca as instruções. Cabeça baixa, cabelos cobrindo os olhos, fala mal do ex-namorado. "Ele destruiu a minha família Ele destruiu tudo. Tudo o que eu tinha de mais precioso."
