A expectativa em torno da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação da Raposa Serra do Sol provoca crescentes tensões nos dois lados envolvidos na polêmica. O produtor de arroz João Paulo Quartiero, que liderou a resistência à presença da Polícia Federal na região, em abril, disse que uma decisão favorável à reserva o deixará duplamente desempregado. “Vou perder a fazenda de arroz e o cargo de prefeito de Pacaraima”, explicou o arrozeiro.
A cidade está destinada a desaparecer do mapa, uma vez que se encontra no interior da polêmica reserva indígena. É pouco provável, porém, que isso ocorra de maneira pacífica, uma vez que a maior parte da população local defende a exclusão do território municipal da área da reserva.
Do outro lado, o macuxi Dionito José de Souza, coordenador do Conselho Indigenista de Roraima (CIR), teme uma onda revanchista contra os índios da região caso o STF autorize as ilhas territoriais não indígenas. Ele disse que as famílias que já foram retiradas da área ameaçam voltar para os lugares que ocupavam anteriormente – e que hoje estão nas mãos dos índios. “Temos ouvido muitas ameaças”, afirmou Souza. “Pode acontecer um massacre por aqui.
O governo federal começou a retirar as famílias não indígenas da área no ano passado. Segundo levantamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na zona rural existiam 180 famílias. No total seriam 33 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Boa Vista, Bonfim e Amajari. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.