São Paulo
– O debate entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB), hoje à noite, na Rede Globo, praticamente encerra a campanha do segundo turno, que não teve as emoções esperadas. Os tucanos já adiantaram que não vão apresentar surpresas constrangedoras em uma referência ao debate entre Lula e Fernando Collor, em 1989. Na realidade, não será um debate típico: os candidatos responderão a um grupo de eleitores indecisos.Enquanto Lula se dedica a montar sua equipe, Serra faz as contas do patrimônio eleitoral. Embora resista a jogar a toalha, a equipe de Serra na prática começa a admitir a sua derrota ao fazer balanços do que foi esta campanha e prognósticos da votação do tucano no próximo domingo. O publicitário Nelson Biondi – que compõe com Nizan Guanaes e Rui Rodrigues o trio de marqueteiros da candidatura tucana – avaliou ontem que a aceitação de Serra entre o eleitorado não deve crescer mais do que os 35 por cento dos votos válidos que as pesquisas mostram atualmente.
“O Serra sai desta eleição com 30 milhões de votos. É muito mais do que Lula obteve em 1998??, afirmou Biondi, referindo-se aos 21,5 milhões de eleitores que votaram no petista à época. ??Ele (Serra) conseguiu esses 30 milhões de um governo que está aí há 8 anos. O Serra tem um eleitorado dele??. No primeiro turno, o candidato tucano obteve 19,7 milhões de votos e Lula, 39,4 milhões. As mais recentes pesquisas de intenção de voto indicam que o petista vencerá o pleito com aproximadamente 65 por cento dos votos válidos, ou 55 milhões, se for considerado o mesmo universo total de votos válidos do primeiro turno. Serra terá, segundo os levantamentos, 35 por cento dos votos válidos, ou 29,7 milhões.
“Ainda acreditamos, por incrível que pareça, que tem gordura no Lula, mas não vou falar em milagres??, afirmou Biondi, em frente à produtora onde o candidato grava programas eleitorais. A tarde de ontem foi de reuniões com assessores do programa de governo e da coordenação da campanha. “A surpresa é ganhar a eleição??, ironizou Biondi ao responder aos jornalistas sobre as novidades dos últimos programas do horário eleitoral na TV. “Fazer comentário após o jogo é fácil, mas enfrentar um mito como Lula não é??, disse.
As pesquisas mostraram para a equipe de Serra que atacar o adversário resultou freqüentemente no aumento da rejeição dos eleitores ao tucano. Nesta última semana da campanha, após recorrer ao discurso do “medo?? do futuro com o petista no governo, os estrategistas de Serra conseguiram uma recuperação inexpressiva do candidato e, mais do que isso, um aumento do número de indecisos, segundo as pesquisas.