A campanha eleitoral em Santa Catarina terminou nesta sexta-feira em clima de “bate-boca” entre o governador Esperidião Amin (PPB) e o ex-deputado Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Ao final de um debate na Rádio Eldorado, em Criciúma, no sul do Estado, o governador ex-integrante da Arena – acusou seu adversário de ter sido agente da repressão durante a ditadura militar, apresentando uma ficha com a nomeação de Luiz Henrique para a Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), em 1958.
A denúncia foi lançada apenas no último bloco de debates, antes dos comerciais, quando os dois polemizavam sobre o processo de federalização e privatização do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC). Amin – que na campanha foi insistentemente associado à ditadura pelo adversário – aproveitou os ânimos exaltados para provocar Luiz Henrique.
“Meu adversário está agindo como se fosse ainda comissário do DOPS, como se fosse ainda da polícia. Teve uma recaída agora”, afirmou o governador, mostrando uma cópia do Diário Oficial com a nomeação do adversário para trabalhar na polícia. O documento indica que, em 14 de julho de 1958, o então secretário de Justiça, Paulo Konder Bornhausen, nomeou o jovem Luiz Henrique, na época com 18 anos, para o cargo de escrivão de polícia, padrão I-2, a ser exercido no DOPS.
“Fui líder estudantil a minha vida toda, combatendo a ditadura, sempre estive na trincheira de cá, nunca fui nomeado prefeito biônico, nunca servi a ditadura nem lambi as botas que quem praticava a ditadura”, reagiu Luiz Henrique, referindo-se a Amin, durante os minutos finais que teve no debate de rádio. O peemedebista explicou que entrou na polícia por uma indicação do pai, que era funcionário público, mas nunca exerceu a função de comissário e ainda foi afastado “a bem do serviço público” devido à sua militância política como estudante de Direito.
De acordo com os registros, o atual candidato do PMDB foi exonerado do cargo em 1966, dois anos depois de iniciada a ditadura militar. Em 30 de março de 1964, um dia antes do golpe militar, chegou a ser preso em Curitiba quando participava de uma reunião com outros líderes estudantis.
A vida política em Santa Catarina é marcada por uma disputa histórica entre os integrantes do velho MDB, atual PMDB, e os partidos herdeiros da Arena, atualmente o PPB e o PFL. Nunca outro partido esteve no governo do Estado desde a redemocratização.