De olho em 2006, PFL critica Lula

Fortalecer o partido para as próximas eleições, visando conquistar a Presidência da República em 2006. Essa foi a base das discussões das principais lideranças nacionais do PFL, que participaram ontem em Curitiba do encontro nacional do partido. Os discursos foram afinados em tom de oposição fervorosa ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as críticas do partido estão as altas taxas de juros, o crescimento das ocupações de terra pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e do desemprego no País.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, lamentou a “falta de vontade” do governo federal de colocar a reforma política para ser votada. Segundo o dirigente pefelista, ela estaria sendo postergada para servir como “moeda de troca”. O PFL garantiu que terá candidato à Presidência em 2006. “O PT está dançando na boca da garrafa, enquanto o PFL está segurando o tchan”, discursou o senador Demóstenes Torres (GO). “O PT lançou o Fome Zero e está reunido há oito meses para decidir quem é o pobre.”

O encontro reuniu importantes membros da executiva nacional do partido. Além de Bornhausen e Demóstenes Torres, o encontro reuniu o líder da bancada na Câmara Federal, José Carlos Aleluia (BA); os deputados federais Abelardo Lupion, presidente regional do partido; os deputados federais Eduardo Sciarra (PR), Ronaldo Caiado (GO) e Kátia Abreu (TO); o prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, além de deputados estaduais, prefeitos, vices, vereadores e presidentes dos diretórios municipais e demais lideranças.

Jorge Bornhausen afirmou que nesses primeiros meses o governo do PT só conseguiu mostrar incapacidade e incompetência. “Foram sete meses de reprovação, quando o governo gerou mais 600 mil desempregados, e não conseguiu manter a ordem no campo”, disse. O senador destacou ainda que com as medidas de elevação das taxas de juros e criação de novos impostos tem havido uma penalização das pequenas e microempresas, que representam as maiores geradoras de empregos no País.

Nas urnas

A mudança desse cenário, defendem os pefelistas, virá nas urnas, nas eleições de 2004 para prefeitos e vereadores, quando o partido pretende ampliar o número de municípios sob seu controle em todos os Estados brasileiros. Com isso, esperam criar uma base forte para lançar candidato próprio para a eleição à Presidência da República, em 2006.

De acordo com o presidente estadual do PFL, deputado federal Abelardo Lupion, o partido pecou por não ter construído um nome para concorrer com Lula. “Estamos pagando o pecado, porque estávamos preparando Luiz Eduardo Magalhães, mas infelizmente ele nos foi tirado, e ficamos sem candidato. Erro que não deveremos repetir agora”, disse.

O mesmo deverá acontecer quanto aos candidatos ao governo dos Estados. Para o Paraná, tanto Lupion como Bornhausen entendem que o nome mais indicado à sucessão estadual é o do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi. A posição de candidato natural do PFL ainda não foi absorvida por Taniguchi, que considera que é cedo para essa indicação. “Estou empenhado para terminar bem minha gestão como prefeito, e acredito que existem outros candidatos dentro do partido”, afirmou.

O senador Demóstenes Torres afirmou que o partido não pode mais viver de fatos passados. “Se olharmos para trás, veremos que nosso partido fez muito pelo país.” Reafirmando a proposta na busca de novas filiações, o senador Jorge Borhausen abonou a ficha de filiação do vereador Osmar Bertoldi, ex-PSDB, que engrossa para seis o número de representantes do PFL na Câmara Municipal. (Rosângela Oliveira e AE)

Caiado pede CPI do MST

O deputado federal Ronaldo Caiado (PFL/GO), um dos principais líderes da bancada ruralista no Congresso Nacional, afirmou ontem em Curitiba, no encontro nacional do partido, que está mobilizando deputados e senadores para a criação de uma CPI que investigue os financiadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). O deputado estadual Plauto Miró Guimarães Filho (PFL/PR) também está propondo a criação de uma CPI do MST na Assembléia Legislativa. O deputado tem onze das 18 assinaturas que precisa para garantir a instalação da Comissão – a quinta a ser instalada na Casa.

Apesar de dizer que ainda não possui as provas contra o movimento, Ronaldo Caiado afirma que o dinheiro do MST vem da guerrilha. Caiado afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é conivente com as ocupações de terra e lamentou a situação fundiária no Paraná. Ele disse que a atitude do governo federal compromete a produtividade e também os investimentos no setor primário.

Para Ronaldo Caiado, a radicalização do discurso dos líderes sem-terra reflete a “negligência” do governo petista no cumprimento das decisões judiciais.

Partilha divide lideranças

Brasília  (AE) – Apesar da resistência do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do líder do governo na Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ter descartado a partilha da CPMF, o relator da reforma tributária, Virgilio Guimarães (PT-MG), disse, em entrevista coletiva, que continua sendo favorável à proposta de divisão com os Estados, desde que se preserve o equilíbrio das receitas da União. O relator apoiou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que na semana passada defendeu a reivindicação dos estados de partilhar a CPMF e disse que caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer como, quando e quanto seria repassado aos Estados.

“Eu sempre fui favorável a uma transferência direta, mas tem que respeitar o equilíbrio fiscal”, afirmou. Virgilio lembrou que, na prática, parte da CPMF já vai para os estados, através dos repasses para a a área de saúde, mas disse que os estados querem que a transferência seja direta. Segundo ele, a tendencia é que o relatório que será apresentado por ele nesta quinta-feira seja parecido com o primeiro texto, que continha medidas de como o incentivo ao crescimento.

Parecer

Virgílio Guimarães informou que adiou a apresentação de seu parecer, prevista inicialmente para hoje. Em entrevista, ele disse que divulgará o texto “provavelmente” na quinta-feira, dia 14. O relator justificou o adiamento dizendo que quer discutir primeiro com a comissão especial da reforma tributária na sessão de amanhã os detalhes do parecer, inclusive os referentes ao acordo fechado pelos governadores com o governo federal na última sexta-feira.

Guimarães informou ainda que deverá decidir qual o tratamento que será dado a questões como incentivos fiscais e a desoneração de bens de capital cobrança do ICMS.

“Proposta é meia-sola”

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, disse ontem em Curitiba, durante encontro nacional do partido, que a legenda vai apresentar várias emendas ao projeto de reforma tributária que tramita no Congresso Nacional. O repasse de contribuições federais aos municípios, a restituição dos valores da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) na declaração do Imposto de Renda e a possibilidade de se conceder ao Senado o poder de definir as cinco alíquotas do ICMS (Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) são algumas das emendas que o PFL vai apresentar ao projeto da reforma tributária que está tramitando no Congresso Nacional.

O texto do governo, segundo Bornhausen, é “uma meia-sola” que vai aumentar a carga tribuitária, e por isso há necessidade de modificações. “Se aprovarmos a reforma tributária como proposta estaremos perpetuando a CPMF, que é um imposto predador, que funciona como ferrugem da economia”, criticou o líder do PFL na Câmara, deputado federal José Carlos Aleluia (BA). (Rosângela Oliveira e AE)

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