Dantas tem posse sem registro de fazendas, aponta MP

A Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, controlada pelo banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, não figura como proprietária oficial na maior parte das 27 fazendas que foram sequestradas pela Justiça Federal, dentro da Operação Satiagraha. Em pouco mais de três anos, Dantas criou um império do gado que envolve oficialmente cerca de 500 mil cabeças de boi e 500 mil hectares de terras. Concentradas no Pará, praticamente todas as áreas são consideradas irregulares pelo Ministério Público (MP).

Relatório das investigações federais acusa o empresário de usar as propriedades – 43 ao todo – e os negócios com gado para lavar dinheiro não declarado. O MP e a Polícia Federal (PF) apontam a aplicação de mais de R$ 700 milhões na atividade agropecuária do grupo e começaram a pleitear na Justiça o confisco desse patrimônio. Mas há problemas tanto quanto ao real número de bois espalhados pelos pastos da Santa Bárbara como em relação aos verdadeiros donos das fazendas.

Em pelo menos nove das 27 propriedades rurais sequestradas pela Justiça Federal, os donos definitivos dos imóveis ainda são os antigos proprietários. Em alguns casos os bens estão em nome de empresas ligadas ao grupo, como a Alcobaça Consultoria e Participações. Segundo a PF, a firma teria participação societária na Agropecuária Santa Bárbara e os donos são Dantas e sua irmã Verônica, uma das controladoras dos negócios rurais com o ex-cunhado do banqueiro Carlos Rodenburg.

Estão nessa situação as fazendas Espírito Santo, Castanhais, Vale Sereno, Cedro, Maria Bonita, Santa Ana, Vale do Paraíso, Rio Tigre e Caracol. Juntas, teriam desmatado 51 mil hectares de terras para criação de gado, segundo o Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA). No caso da ré Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, o MPF afirma que “apesar de não constar nos documentos de propriedade definitivos dos imóveis rurais, eles aparecem realizando transações comerciais de gado e foi no nome deles que foram lavrados os autos de infração, em virtude da utilização da propriedade para a criação de gado”.

Nas nove ações também há menção aos contratos de compromisso de compra. Neles, a empresa alega que fez uma aquisição a prazo e, assim que forem todas as obrigações cumpridas, o processo de transferência de posse será realizado.

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