São Paulo (AE) – O dono do banco Opportunity, Daniel Dantas, não convenceu ontem em seu depoimento na 5.ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Nas cinco horas de audiência, Dantas se limitou a responder apenas ao juiz Silvio Luis Ferreira da Rocha, desmerecendo as acusações das procuradoras da República Anamara Osório Silva de Sordi e Ana Carolina Yoshi Kano, autoras dos dois processos que denunciam o banqueiro por crimes como formação de quadrilha e divulgação de segredo no chamado caso Kroll, e se colocando como vítima do Ministério Público Federal (MPF) e da imprensa.
Dantas é acusado de contratar a Kroll, uma agência de investigações, para espionar executivos da Telecom Itália durante o processo de privatização da Brasil Telecom, a terceira maior empresa de telefonia fixa do Brasil. Nas investigações a Polícia Federal e o MPF concluíram que a Kroll fez escuta ilegal de conversas telefônicas de empresários, membros do governo federal e jornalistas. Além disso, teria se utilizado de servidores para obter informações sigilosas em bancos de dados da administração pública, que teriam sido utilizados para chantagear adversários.
Segundo a procuradora Anamara, Dantas teria falado à Justiça Federal que ?o processo é um absurdo? e que a repercussão do caso na imprensa estava sendo feita para prejudicá-lo. ?Ele seria vítima dessa teia de conspiração?, concluiu Anamara. ?Ele fala, fala, fala e não diz nada. Se diz vítima, mas não diz exatamente por quê?, protestou a procuradora. ?Por quê? Quanto de dinheiro está envolvido nisso? Quanto vale o controle dele na Brasil Telecom??, questionou.