O projeto Rios Voadores divulgou na quarta-feira (18) as primeiras análises dos dados coletados pelo engenheiro Gérard Moss. Durante dois anos, ele realizou 12 viagens com um avião monomotor para investigar os itinerários da água evaporada na Amazônia – os “rios voadores” que dão nome à pesquisa. O estudo preliminar confirma o impacto da floresta no regime de chuvas das Regiões Sudeste e Sul.
Foram coletadas cerca de 500 amostras de vapor de água em diferentes altitudes. “É uma ótima base de dados para aperfeiçoar nossos modelos”, afirma Pedro Dias, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. Durante a apresentação, Moss descreveu a viagem realizada entre 4 e 11 de fevereiro do ano passado. Na ocasião, ele acompanhou um “rio voador” que percorreu a Amazônia e, depois de esbarrar na Cordilheira dos Andes, chegou a São Paulo.
Moss esclarece que nem toda a água que sai da Amazônia transforma-se em chuva no sul do continente. “Ela está disponível para cair como chuva”, afirma o explorador. “Mas há outras variáveis importantes que determinam se isso vai acontecer realmente.” Também recorda que fluxos oriundos de outras regiões – especialmente do Atlântico – exercem um papel fundamental no regime de chuvas. Dias afirma que ainda é difícil prever os efeitos do desmatamento no regime de chuvas, mas eles podem incluir tanto secas quanto enchentes em outros Estados.