A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) investigará o suposto vazamento do resultado de indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao mercado. A informação é do superintendente de Relações com Mercado e Intermediários da CVM, Waldir de Jesus Nobre. ?Vamos fazer a investigação; não há dúvidas?, disse Nobre. Segundo ele, a investigação poderá ultrapassar a barreira dos contratos indexados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e atingir todos os papéis que possam ter relação com o índice de inflação. ?É preciso dizer que já acompanhamos os contratos da BM&F, faz parte do nosso dia-a-dia, mas a investigação será feita por conta da reportagem.
A notícia de que pode ter havido vazamento de informação de indicadores do IBGE foi divulgada quarta-feira pela Agência Estado. A suspeita foi motivada pela reação limitada dos negócios de juros após a divulgação oficial do IPCA de setembro, que ficou em 0,18%, abaixo das estimativas mais otimistas do mercado. Na terça-feira, véspera da divulgação do índice, os contratos futuros de juros (DIs) haviam caído expressivamente, com giro há tempos não visto nesse segmento de negócios. No fim do dia e na primeira meia hora de pregão eletrônico na BM&F, já circulava abertamente entre as mesas de operação que o IPCA viria perto do piso das estimativas, abaixo de 0,20%.
O primeiro passo da CVM, segundo Nobre, será traçar uma estratégia delimitando os contratos que serão avaliados, bem como o período a ser verificado. ?Depois, vamos levantar os dados para verificar se houve indícios de uso de informação que não é pública.? Ele explicou que o procedimento é similar ao já realizado pela CVM para averiguar comportamento atípico das ações nas vésperas da divulgação de um fato relevante. Mas ressaltou que a investigação será ?bem difícil?.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo