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Marcha Nacional do Salário Mínimo partiu ontem de Valparaíso (GO).

Brasília – Cerca de três mil trabalhadores partiram da cidade de Valparaíso, em Goiás, a 40 km de Brasília, ontem, na Marcha Nacional do Salário Mínimo, organizada pela CUT. Eles pretendem entregar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva amanhã uma carta reivindicando o aumento do salário mínimo e a correção da tabela do imposto de renda.

"A marcha já é vitoriosa. Em outros anos não se batia no salário mínimo e no imposto de renda. A marcha obrigou a pautar a conjuntura nacional nesse debate", disse o presidente da CUT, Luiz Marinho.

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Amanhã, os trabalhadores também farão uma manifestação em frente ao Congresso Nacional para sensibilizar os parlamentares a aprovar o mínimo de R$ 320.

"Estamos criando todo o clima de pressão. O governo pode anunciar um aumento insatisfatório e podemos disputar no Congresso. A luta ainda está pelo meio", informou Marinho.

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No sábado, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, declarou que a proposta do governo é reajustar o mínimo para R$ 300 a vigorar a partir de maio de 2005, ou para R$ 290, a partir de janeiro. Atualmente o valor é de R$ 260.

Decisão

Terminou por volta de 13h30 de ontem a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros da coordenação política para discutir o novo valor do salário-mínimo e a correção da tabela do imposto de renda. Ao sair do encontro, o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), disse que Lula decidiu continuar analisando as propostas e tomar uma decisão até amanhã.

Luizinho reiterou que as duas propostas básicas são a de reajuste em maio ou em janeiro, mas afirmou que o governo ainda está analisando o que seria melhor para o trabalhador. O líder do governo disse que o que está definido até agora é que será o maior aumento real das últimas duas décadas, o que, segundo ele, significa distribuição de renda. Luizinho disse que os cálculos levam em conta o que é melhor para o trabalhador ao longo do ano e também o impacto nas contas de prefeituras e governos estaduais.

O secretário da Receita, Jorge Rachid, também apresentou simulações sobre a correção do imposto de renda, mas Luizinho não quis detalhá-la. Amanhã, Lula deve se reunir com representantes de centrais sindicais para discutir o assunto.

Além dos ministros da coordenação, participaram do encontro o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, o vice-presidente da República José Alencar, além de Rachid e Luizinho. No sábado, após a reunião ministerial na Granja do Torto, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse que o presidente decidiria na segunda (ontem) entre duas propostas de reajuste: R$ 300 em maio ou R$ 290 em janeiro.

Desvinculação

Ao participar de um seminário com prefeitos do PL ontem, o vice-presidente José Alencar defendeu a desvinculação do salário mínimo dos benefícios da Previdência Social para permitir um reajuste maior.

"É preciso fazer uma correção do salário mínimo e o presidente está atento a isso e todo o governo. Todo mundo sabe que os problemas do salário mínimo são vinculados à questão ligada ao déficit da Previdência. Isso tem que ser examinado todas as vezes. Há um propósito de verificar isso para acabar com a vinculação porque isso está prejudicando um salário mais digno",afirmou.

Alencar disse ainda que, mais importante que reajustar o mínimo, é manter o valor de compra da moeda e não quis mencionar um valor para o reajuste que será dado no ano que vem. "Temos sempre que pensar no deficit da Previdência e nos municípios pequenos. Porém, o grande problema que preocupa o governo 24 horas é segurar a inflação. Não adianta mexer em salário mínimo, o importante é você manter o valor de compra da moeda. Agora, se, mantido o valor da moeda, ou seja, debelada a inflação, nós pudermos dar qualquer coisa, nós precisamos dar, porque trabalhador no Brasil ganha muito pouco", afirmou.