Às voltas com a superlotação carcerária, que se agravou nos últimos anos e reavivou o fantasma de rebeliões, o governo federal está recorrendo a fórmulas inusitadas para conter o aumento do déficit de vagas.

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Uma das medidas, adotada em portaria do Ministério da Justiça neste mês, prevê ampliação da oferta de cursos de qualificação profissional de detentos, que ganham um dia de remição a cada 12 horas de aula.

A ideia é transformar presos sem qualificação em pedreiros para o aquecido mercado da construção civil, panificadores, costureiras, cabeleireiras e profissionais de telemarketing.

Com isso, eles saem mais cedo da prisão, têm maior chance de inserção no mercado e menor risco de reincidência, explica o diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Augusto Rossini. “Não basta construir presídios. É preciso ressocializar e em muitos casos socializar os que nunca tiveram chance de inclusão.”

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Para fazer deslanchar o programa, o governo reservou no orçamento deste ano R$ 4 milhões, três vezes mais que os R$ 600 mil gastos em 2011 com ensino profissionalizante de detentos.

Estão no cardápio cursos de elevada procura no mercado, envolvendo atividades em que não há o costume de pedir atestado de antecedentes do profissional, como o setor da construção civil. O Depen está levantando outros projetos de alta empregabilidade, de iniciativa dos Estados, para replicá-los nos demais.

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Pioneirismo. Um desses projetos chama a atenção pelo ineditismo: um serviço de call center, criado há dois anos no presídio feminino de Cariacica, no Espírito Santo, em parceria com Instituto Sem Fronteiras. A procura foi tão grande que o serviço teve de ser reavaliado para absorver o dobro de detentas do previsto.

Rossini garante que foram adotadas todas as cautelas para evitar o uso indevido do sistema de telefonia no presídio. Para trabalhar no call center, as detentas participam de um curso técnico em telemarketing de 240 horas/ aula. Para garantir a segurança, o projeto conta com monitores e um moderno sistema de reconhecimento de voz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.