O presidente Lula afirmou nesta quarta-feira (17) que, mesmo que nenhum resultado tivesse sido alcançado nas quatro reuniões de cúpula da América Latina e do Caribe que se realizaram na Costa do Sauípe (BA) nos últimos dois dias, valeu a pena o ingresso de Cuba no Grupo do Rio, que a partir de hoje conta com 19 sócios. O Grupo do Rio é um mecanismo de consultas políticas entre os países da América Latina e do Caribe, criado em 1986, no Rio de Janeiro. Funciona como um canal para a diplomacia presidencial entre os Estados integrantes.

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Lula fez ainda uma crítica ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sem mencionar seu nome. Afirmou que é “inusitado” o fato de Cuba ter sido admitida. “Porque os que presidiram nossos países antes de nós não tiveram coragem de colocar Cuba no Grupo do Rio.” O presidente brasileiro disse que os países da América Latina e do Caribe devem, neste momento de mudança de governo nos EUA, exigir de Barack Obama a realização de uma discussão política para saber o tipo de política que adotará em relação à América Latina.

“Nós não queremos mais uma ‘Aliança para o Progresso’, como o Brasil teve nos anos 1960”, afirmou Lula. “Os EUA tampouco podem olhar a América Latina como um grupo de países esquerdistas que recebem ordens de Cuba.” Lula insistiu que a região não pode esperar que “um belo dia seja chamada para uma conversa com Obama”. Este é o momento, segundo ele, para os EUA levantarem o bloqueio econômico a Cuba e recomporem as relações políticas com a Venezuela.

Na avaliação de Lula, a região passou “séculos” sem que seus países construíssem algo em comum e até mesmo sem conversarem entre si. A partir de agora, disse o presidente brasileiro, essa situação começa a mudar, de forma lenta, mas segura. “Éramos um continente de surdos, que não nos enxergávamos”, afirmou.

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