Cúpula do PT cai aos pedaços

O secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, entregou ontem ao presidente do PT, José Genoino, uma carta pedindo licença de suas funções na secretaria-geral e de suas atribuições na direção partidária. Nesta terça, toda a executiva do partido deve renunciar. O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e o secretário-geral da Presidência, ministro Luiz Dulci, são cogitados para integrar a nova direção do PT. Dulci era o secretário-geral do partido até a eleição de Lula e Marco Aurélio, o secretário de Assuntos Internacionais.

Desde a noite de sábado passado, na festa junina da Granja do Torto, Lula passou a exigir mudanças no comando do partido. O presidente estava sob o impacto da denúncia da revista Veja de que o publicitário Marcos Valério de Souza, suspeito de operar o mensalão, avalizou um empréstimo de R$ 2,4 milhões para o PT, mostrando um contrato assinado por Genoino e Delúbio Soares.

Apesar da determinação de Lula, não parece certa ainda a saída imediata de Genoino. A tendência é de que toda a Executiva renuncie nesta terça e o atual presidente do PT conduza o partido até a reunião do Diretório Nacional, no sábado. No encontro será eleita uma Executiva Provisória, que dirigirá o PT até a realização das eleições diretas, marcadas para setembro (e que podem ser antecipadas ou mesmo adiadas).

Além da carta em que anuncia seu afastamento da cúpula do PT, Silvio Pereira entregou um pedido à comissão de ética do partido para que investigue sua conduta e os seus atos como dirigente partidário. Silvio Pereira disse a parlamentares do PT que tomou a atitude porque está sendo responsabilizado pelo que não fez e porque cansou de esperar pelos outros. Ele considera que o PT não pode pagar pelos erros e equívocos que a direção nacional possa ter cometido. O pedido de licença começou a valer desde ontem e vai até o fim da investigação da CPI dos Correios, quando ele espera que esteja restabelecida a verdade, segundo afirmou.

Responsável pela partilha de cargos no governo, Silvio Pereira foi apontado como autor de nomeações importantes nos Correios. Segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), a distribuição de cargos nas estatais para a execução do esquema do mensalão ocorreria em uma sala reservada a Silvio Pereira no Palácio do Planalto, ao lado do gabinete do então chefe da Casa Civil, José Dirceu.

A indefinição sobre a cúpula do Partido dos Trabalhadores atrasou o anúncio da reforma ministerial, que estava prevista para esta segunda-feira e deve ocorrer até amanhã, quando o presidente Lula embarca para a Escócia, onde vai participar de uma reunião do G-8, o grupo dos países mais ricos do mundo. No entanto, alguns nomes como o do senador Hélio Costa eram considerados certos no novo ministério.

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