Brasília

  – A cúpula do PMDB decidiu brecar a articulação do grupo do senador José Sarney (PMDB-AP) para convocar uma convenção nacional extraordinária com o objetivo de decidir sobre o apoio formal ao novo governo do PT. Convencidos de que a convenção só serviria para cacifar Sarney como principal interlocutor do partido junto ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e para fortalecer sua candidatura à presidência do Senado, os dirigentes do PMDB querem reunir a executiva nacional para enterrar de vez a proposta do grupo sarneyísta.

“É praticamente inviável a convenção, porque o objetivo de garantir a governabilidade já está assegurado pela executiva nacional e pelos governadores eleitos”, resumiu hoje o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), em almoço com outros oito dirigentes nacionais. O grupo de Temer defende a candidatura do líder no Senado, Renan Calheiros (AL), para presidir a Casa e já tem a garantia do PT de que o novo governo não irá interferir na escolha da bancada em favor de Sarney.

A não interferência é uma das exigências da cúpula governista para garantir a governabilidade em torno de uma agenda mínima de governo. Mas nem por isto o PT está fora das articulações. Ao contrário, enquanto os dirigentes do PMDB reuniam-se no Restaurante Piantella, o presidente nacional do PT deputado José Dirceu (SP), almoçava no Hotel Naoum com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco.

Mesmo fora do PMDB, Itamar tem trânsito e influência no partido e apóia o movimento do grupo rebelde para trocar o comando partidário que compôs chapa com o tucano José Serra na eleição presidencial. “Essa gente foi derrotada e deveria ter consciência e entregar seus cargos. O PMDB não terá futuro com este núcleo no comando partidário”, pregou hoje Itamar, simpatizante declarado da candidatura de Sarney.

Encerrado o almoço com Itamar, Dirceu prosseguiu nas articulações com o PMDB. Na conversa com o presidente do PT, o senador Maguito Vilela (GO) insistiu na tese da convenção nacional como o melhor caminho para garantir o apoio institucional do partido ao futuro governo.

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