A Polícia Civil está prestes a fechar o quebra-cabeça da ordem cronológica do que ocorreu na noite em que o coronel Ubiratan Guimarães foi morto, dentro de seu apartamento, no sábado passado. Segundo testemunhas, a advogada Carla Prinzivalli Cepollina, de 39 anos, namorada da vítima, só deixou o prédio onde ele vivia, nos Jardins, zona sul, meia hora depois de vizinhos ouvirem o barulho do tiro que matou o coronel.
Pelas apurações de policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Ubiratan e Carla chegaram ao apartamento por volta das 18h. Às 18h54, o coronel envia uma mensagem de texto para o celular da delegada federal Renata Madi com a seguinte frase: ?Menina, onde está você??. Em seguida ela responde, também com um torpedo: ?Tô chegando. Já ligo?.
Sete minutos depois, às 19h01, Renata liga para o celular do coronel, conforme ela contou à Polícia Federal do Pará. Carla atende e passa o aparelho para Ubiratan, após supostamente tê-lo acordado. A delegada pergunta se ele havia mandado o torpedo. Como estava ao lado da namorada, Ubiratan teria negado e prometido ligar depois para Renata.
A polícia acredita que a ligação tenha deflagrado uma intensa discussão entre o casal. Parentes e amigos do militar disseram que Carla é ciumenta. A mãe da advogada, Liliana Prinzivalli, negou que a filha fosse exagerada: disse que ela gostava de Ubiratan de forma ?madura e equilibrada?.
Entre 19h e 19h30, a professora de piano Odete Adoglio dos Santos, que mora no apartamento em frente do de Ubiratan, ouve o barulho do tiro. À polícia, ela disse não ter tomado nenhuma atitude porque confundiu o barulho.
Às 20h05, Renata volta a chamar Ubiratan, dessa vez no telefone fixo. Carla atende e diz que o namorado não pode atender porque ambos estão discutindo. O telefone é colocado perto de um aparelho de som, que tocava ópera em alto volume.
Meia hora depois, por volta das 20h30, Carla deixa o prédio dos Jardins. Às 21h06, ela chega ao edifício onde mora, no Campo Belo, zona sul. No caminho, ela pára em uma videolocadora, mas a máquina da loja estava quebrada no sábado e, por isso, não se sabe o horário exato em que ela esteve lá. Enquanto isso, Renata liga pelo menos mais cinco vezes para Ubiratan. O último registro da chamada da delegada em um dos celulares que pertenciam ao coronel é às 21h.
O DHPP aguarda a quebra de sigilo dos telefones fixos e celulares de Ubiratan, Renata e Carla para confrontar essas ligações e confirmar o horário em que elas ocorreram. A polícia quer também, com a quebra do sigilo, descartar a possibilidade de Ubiratan ou outra pessoa ter atendido seus telefones depois das 20h30. Isso porque Carla sustenta que saiu do apartamento por volta desse horário, deixando o namorado vivo. ?Já imaginou se alguém usou esses telefones depois das 21 horas??, questiona um policial, que pediu anonimato.
Justiça decreta quebra de sigilo telefônico de 8 pessoas
São Paulo (AE) – A Justiça de São Paulo decretou ontem a quebra do sigilo telefônico de oito pessoas ligadas ao coronel Ubiratan Guimarães, assassinado no último fim de semana em seu apartamento nos Jardins, em São Paulo. Entre as pessoas que tiveram o sigilo quebrado estão sua namorada, a advogada Carla Cepollina, sua mãe, a também advogada Liliana Prinzivalli, e o próprio coronel.
Além disso, foi decretado também o segredo de Justiça no caso do assassinato do coronel. A quebra será realizada em 12 linhas, entre aparelhos fixos e celulares. Os extratos devem chegar entre terça e quarta-feira à polícia.
Com a quebra do sigilo, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pretende confrontar as ligações entre as pessoas próximas ao coronel e confirmar o horário no qual elas ocorreram no sábado passado. A polícia quer também, com a quebra do sigilo, descartar a possibilidade de o coronel ou outra pessoa ter atendido seus telefones depois das 20h30. Isso porque Carla sustenta que saiu do apartamento por volta desse horário, deixando o namorado vivo.