Pelos próximos dois meses, será impossível ver a estátua do Cristo Redentor, no alto dos 709 metros do Morro do Corcovado, no Rio. Envolto por uma estrutura metálica há mais de três semanas, um dos monumentos mais famosos do mundo começou a ser coberto por uma tela protetora para o trabalho de restauração de sua superfície, desgastada por chuva, vento e raios. A manta, que ostenta a imagem da estátua em tamanho real, só será retirada em junho.
Por baixo dos panos, operários fazem um levantamento de cada metro quadrado da superfície do monumento, coletam amostras e mapeiam as falhas provocada por fenômenos atmosféricos em seus 78 anos de existência. Com martelos de borracha, dois homens sobem e descem as escadas armadas em torno da estátua para procurar pontos ocos, que correm risco de se soltar. Sobre o braço direito da estátua, eles trabalham na recuperação das pontas dos dedos, que se projetam sobre um penhasco. “O mais complicado é vencer a altura e o vento”, diz o arquiteto Diogo Caprio.
Aos pés do monumento, a empresa responsável pela obra testa substâncias que serão usadas na limpeza de manchas da superfície. Um trabalho minucioso de restauração dos cerca de 1,5 milhão de pastilhas de pedra-sabão que revestem a estátua, com um cuidado inspirado na medicina.
“Costumamos dizer que somos médicos das obras de arte, e usamos termos da medicina e da odontologia para identificar esse processo de recuperação dos monumentos”, diz a arquiteta Márcia Braga. Ela já participou de outros dois processos de restauração do Cristo e garante que conhece cada canto da estátua e todas as ‘patologias’ que provocaram falhas em sua superfície.
O tempo deixou marcas principalmente nos braços e no rosto do Cristo Redentor. Faltam pedaços nas pontas dos dedos das mãos, na cabeça e nos supercílios, rachados por raios que atingem principalmente as extremidades da estátua. “Por causa das intempéries, as pastilhas que cobrem o monumento estão sendo arrancadas. Havia a necessidade de fazer um restauro amplo e uma obra de impermeabilização do Redentor”, avalia o arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta.