‘Crise hídrica está durando mais do que se imaginava’, diz diretor da Sabesp

O diretor econômico-financeiro da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Rui Affonso, disse nesta terça-feira, 18, que a crise hídrica decretada em janeiro de 2014 no Sistema Cantareira “está durando muito mais do que se imaginava” e que a “empresa não pode colapsar do ponto de vista financeiro” para superá-la.

“Se do lado operacional precisamos fazer tudo para manter o abastecimento de água, que é isso que o pessoal da operação tem feito, do ponto de vista financeiro a gente precisa garantir as condições para que isso continue ocorrendo”, disse Affonso, durante teleconferência com analistas, investidores e jornalistas sobre o resultado financeiro da estatal no segundo trimestre deste ano.

O balanço mostra um aumento de 11,5% no lucro da companhia em relação ao mesmo período de 2014, chegando a 337 milhões. A retomada dos ganhos da empresa – no primeiro trimestre o lucro havia caído 33,4% -, ocorreu após a aplicação de dois reajustes na tarifa, de 6,5% em dezembro de 2014, e de 15,24% em junho deste ano.

“A empresa não pode colapsar do ponto de vista financeiro. Senão compromete em definitivo qualquer alternativa de superar essa crise hidrológica. Estamos vendo que ela está durando muito mais do que se imaginava, portanto a sustentabilidade econômico-financeira da companhia é vital para que se faça essa travessia”, afirmou Affonso.

O diretor disse ainda que 2015 tem apresentado “chuvas bastante irregulares” e um “inverno bastante seco” e que a Sabesp está “fazendo esforço muito grande” para reduzir despesas e recuperar receitas para poder investir mais recursos para garantir o abastecimento de água na Grande São Paulo. Segundo ele, o investimento da companhia subiu 33% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2014, e 21% na comparação do primeiro semestre dos dois anos.

Por causa da crise, a Sabesp reduziu em mais da metade os investimentos em esgoto para destinar mais dinheiro às obras emergenciais, como a transposição de água da Billings para o Sistema Alto Tietê, prevista para entrar em operação em outubro, ao custo de R$ 130 milhões. Com isso, afirma Affonso, a empresa inverteu a prioridade da destinação de recursos.

No primeiro semestre de 2014, a Sabesp investiu 36,7% em água e 63% em esgoto. Neste ano, a aplicação de dinheiro para ações focadas no abastecimento de água subiu para 55,1%, enquanto que a verba para coleta e tratamento de esgoto caiu para 41%. “A gente inverteu a importância dos dois segmentos por razões óbvias, que é a prioridade absoluta da empresa na manutenção do abastecimento de água na região metropolitana”, disse Affonso.

Revisão tarifária

O diretor da companhia disse ainda que a Sabesp deve apresentar até o final do ano uma proposta de revisão da estrutura tarifária à Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp). Segundo Affonso, todos os modelos ainda estão sendo estudados e não há nenhuma definição a respeito.

No início do mês, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse que estudava a possibilidade de alterar a tarifa mínima de água, hoje no valor fixo de R$ 41,28 e paga por todos os clientes que consomem até 10 mil litros por mês. “Inúmeros modelos estão sendo avaliados. A tarifa mínima é uma dessas discussões. Mas ainda não existe nenhuma definição”, disse Affonso.

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