O racionamento de gás natural imposto pela Petrobras esta semana revela o nível de aperto do setor energético brasileiro. Para analistas, a metáfora do ?cobertor curto? define bem o cenário atual, em que não há gás suficiente para atender o setor elétrico e a indústria ao mesmo tempo. A situação, dizem especialistas, ficou ainda pior após a nacionalização do setor de petróleo na Bolívia, que inviabilizou a expansão do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).

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?(O racionamento) não chega a causar surpresa, dado o aumento da demanda por este insumo e a estagnação de sua oferta?, afirmam, em relatório, os analistas da Tendências Walter Vitto e Bruno Selvaggi. Segundo eles, excluindo a demanda das térmicas, o consumo de gás cresceu 5,9% de janeiro a agosto, enquanto a oferta caiu 1,2%. A Petrobras já promovia uma espécie de ?racionamento branco?, evitando conectar novos clientes à rede e por isso, mantinha controle da situação.

Especialistas alertam para a repetição do problema no ano que vem, caso a Petrobras não consiga ampliar a oferta de gás natural. O parque térmico brasileiro foi projetado a partir da possibilidade de expansão do Gasbol, inviabilizada pela crise com a Bolívia. A estatal busca outras fontes de gás no exterior, que poderia ser importado na forma liquefeita (GNL). A previsão é que o primeiro navio, com capacidade de 6 milhões de m³ por dia, chegue em maio de 2008.

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