O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (25) que a crise na oferta de alimentos, que também atinge o Brasil, "é passageira, não é coisa perigosa". Segundo ele, a produção de alimentos, não apenas no Brasil, mas no mundo todo, não cresceu proporcionalmente à demanda. "Esta é uma crise curta", reiterou, dizendo que isto vale para o arroz, para a soja e o feijão. No caso do trigo, como o Brasil depende de outros países, como a Argentina, Lula disse que o País estuda aumentar a produção deste grão. "Vamos produzir mais trigo e depender menos dos outros países", afirmou durante anúncio de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Campinas, no interior de São Paulo.

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Ao falar da crise de alimentos, Lula criticou países que vêm condenando o aumento na produção de cana-de-açúcar destinada ao etanol, sobretudo os Estados Unidos. "Este País (Brasil) era considerado de terceiro mundo e não era respeitado lá fora. Mas fizemos a revolução da indústria automotiva mundial com o biocombustível e isso eles não admitem", disse Lula. Ele classificou de "mentiras deslavadas" as afirmações feitas no exterior de que a crise dos alimentos está sendo provocada pela estratégia brasileira de privilegiar a produção de etanol. E atacou diretamente os Estados Unidos: "Eles resolveram fazer álcool de milho que é comida de galinha e porco. Se é reação animal, não pode fazer combustível.

O presidente disse que pretende "comprar esta briga" e provar ao mundo que é possível o Brasil produzir alimentos e etanol. Apontando para a própria barriga, Lula disparou: "seríamos ignorantes se não enchêssemos o nosso tanque para encher o tanque do carro. Vamos produzir álcool, biocombustível e alimentos, inclusive para encher a barriga de quem não tem terra para plantar."

Na defesa que fez do etanol, Lula lembrou que ninguém critica o petróleo, que subiu muito de preço nos últimos meses. "E por que criticam lá fora o biocombustível, que é uma revolução e não polui?", questionou.

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Inflação

Falando a uma platéia composta, em sua maioria, por populares que serão beneficiados pelas obras do PAC na região, Lula disse que era importante o povo saber que a inflação causada pela alta nos preços dos alimentos está ocorrendo porque "tem mais pobres comendo, graças a Deus". Ele destacou que em sua gestão o Brasil deixou de ser subserviente e "coitadinho" para se tornar uma grande potência exportadora de alimentos e bens manufaturados e produtora de alimentos e biocombustível. E na sua avaliação isso vem incomodando os países desenvolvidos.

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"O Brasil está começando a disputar com eles. Se tem um país que cresce todo o ano a produção de grãos, é o Brasil", disse. No discurso, Lula voltou a usar uma metáfora do futebol para dizer que quando um jogador começa a marcar muitos gols, ele passa a ser marcado duramente pelos adversários. "O mundo vai perceber que o gigante adormecido chamado Brasil acordou. Não para ser prepotente, mas para ser respeitado. Não queremos mais ser considerado um país emergente", declarou.

Estiveram presente à solenidade de anúncio de obras do PAC, no aeroporto de Viracopos, os ministros as Minas e Energia, Edison Lobão; das Cidades, Márcio Fortes; a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho; o presidente nacional do PMDB, Michel Temer; além de prefeitos da região e parlamentares. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, não participou da cerimônia.