Brasília (AE) – A representante da Organização das Nações Unidas (ONU), a paquistanesa Hina Jilani, começou ontem a inspecionar a situação dos defensores de direitos humanos no Brasil. Nos últimos anos, a situação se agravou no País, sobretudo na Região Norte, onde 35 ativistas de direitos humanos entre religiosos, sindicalistas e dirigentes de ONGs estão ameaçados de morte. Entre estes, dez já estão amparados por um programa de proteção criado pelo governo federal desde o assassinato da irmã americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, morta a tiros por pistoleiros em 12 de fevereiro último, no Pará.
Durante duas semanas, a representante da ONU vai visitar seis Estados e conversar com autoridades federais e estaduais para colher dados sobre as denúncias de crimes e ameaças contra o trabalho dos defensores de direitos humanos. Ela verificará também as providências adotadas pelo governo brasileiro para garantir a punição dos responsáveis e reduzir os índices de violência.
Hina participará, como observadora internacional, no próximo sábado, do julgamento dos pistoleiros que confessaram ter matado a freira, Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo. Os outros três acusados – dois mandantes e um intermediário na contratação dos pistoleiros – só serão julgados no próximo ano. Autoridades estrangeiras, jornalistas e militantes de direitos humanos de vários países acompanharão o julgamento dos acusados.
Segundo a representante da ONU, o mundo está de olho no Brasil por causa de crimes como este. ?Foi um caso alarmante. São necessárias medidas eficazes para punir os criminosos?, afirmou. Até abril de 2006, Hina apresentará seu relatório, que poderá impor sanções ao govenro brasileiro. Isso porque o País já foi alvo de advertências anteriores, que o apontam como um dos 13 vilões na proteção aos defensores de direitos humanos, juntamente com a China, Irã, Rússia, Síria, Sudão e Colômbia.