São Paulo (AE) – Quase ninguém percebeu, exceto os policiais de plantão. Mas, enquanto o crime organizado mostrava sua força em São Paulo, um outro tipo de criminoso, o comum, recolheu-se para não ser pego no meio da guerra entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a polícia. O resultado é que o total de crimes registrados no estado caiu 45% nos cinco dias da onda de atentados em comparação com a semana anterior. Os dados são da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP), da Secretaria da Segurança Pública.
O estudo sobre a influência das ondas de ataque do crime organizado contra a polícia na criminalidade comum é de autoria do pesquisador Túlio Kahn, coordenador da CAP. De um total de 45 tipos de crimes pesquisados no sistema de Informações Criminais (Infocrim), apenas três tiveram aumento quando comparados os totais registrados de 5 a 9 de maio com o que foi informado à polícia entre os dias 13 e 17. São eles: homicídios (240%), por conta da guerra do PCC, roubos de carros (0,8%) e de ônibus (6 casos a mais). ?O PCC roubou carros para fazer os ataques e assaltou ônibus, daí esses delitos não terem caído?, afirmou Kahn.
Todos os demais crimes no estado diminuíram. O recorde ficou com o roubo a estabelecimentos comerciais, com uma diminuição de 72% dos casos. Kahn afirma que a diminuição não pode ser explicada pelo ?medo de se comparecer à delegacia, pois os furtos de veículos caíram 47,7%. Esse é o tipo de delito – explica o pesquisador – que a população não deixa de registrar. Primeiro, por causa do recebimento do seguro do veículo e, depois, pelo fato de ele poder ser registrado pela internet, dispensando o comparecimento à delegacia?.