Na quinta-feira, ao reconhecer que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda não está amadurecida para evitar problemas como a atual crise nos aeroportos, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tentou sair em defesa do órgão controlador, sem saber, talvez, que vêm ocorrendo na agência gastos que poderiam ser evitados ou, no mínimo, reduzidos.
Segundo o site Contas Abertas (www.contasabertas.com.br), a Anac, implantada em março deste ano, acumulou até quarta-feira R$ 10,5 milhões de despesas com passagens aéreas e diárias. Isso representa 15% do orçamento para o primeiro ano de atividade: R$ 87,6 milhões. Deste valor, R$ 63,7 milhões já foram repassados ao órgão pelo governo federal. A verba foi repartida em 13,8% vão para custeio de pessoal, 66% para despesas correntes e 20% para investimentos.
Para se instalar em Brasília, a Anac investiu R$ 1,9 milhões. Entre os equipamentos comprados, alguns chamam a atenção, como torradeiras, refrigeradores, microondas (com tecla pipoca), TV de 21 polegadas com função game e DVD player karaokê. Mais curioso é o dispêndio de R$ 11,3 milhões para o Escritório da Missão de Cooperação Técnica da Organização de Aviação Civil Internacional no Brasil.
A repartição, justifica a agência, tem função de dar ?apoio técnico, recursos humanos, equipamentos, capacitação de pessoal e outros insumos necessários a manutenção dos sistemas de aviação civil brasileiro e ao seu desenvolvimento internacional?. Com todo esse investimento -em 2007 terá orçamento de R$ 150 milhões -, seria de se presumir que a Anac estivesse preparada para enfrentar a crise aérea. Não é o que pensa Dilma Rousseff.