A quatro meses da Copa do Mundo no Brasil, divergências salariais e falta de concordância sobre a hierarquia na Polícia Federal criaram uma rixa que tem prejudicado a atuação da instituição no País. De um lado estão os delegados. De outro, os agentes, escrivães e papiloscopistas.

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Como resultado do embate, surgem casos de policiais que se recusam a cumprir ordens durante operações, inclusive em grandes eventos.

Um exemplo de que os atritos entre as categorias não são raros pôde ser observado na manhã desta sexta-feira (07) em Brasília. Enquanto agentes, papiloscopistas e escrivães protestavam por melhores condições de trabalho na frente da Superintendência Regional da Polícia Federal do Distrito Federal, um delegado chegou de carro e avançou com o veículo em direção a manifestantes que ocupavam parcialmente o acesso ao prédio.

Logo, um dos agentes se exaltou e iniciou um bate-boca com o delegado, que acabou retirando o veículo do local. Ao Estado, o agente disse que tem boas relações com diversos delegados, mas afirmou que muitos deles são “petulantes” e “provocativos”. “O pessoal está com os nervos à flor da pele e não aguenta mais provocações.”

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O protesto fez parte de uma mobilização nacional e há previsão de um dia de greve, na próxima terça-feira, além de outros dois dias no fim de fevereiro. A paralisação, entretanto, será feita apenas pelos agentes, papiloscopistas e escrivães. Em 2012, a categoria rejeitou um aumento de 15,8% proposto pelo governo após 69 dias de greve. A mesma proposta foi aceita pelos delegados e peritos, que passaram a receber o salário reajustado.

Desde então, a divisão entre os dois grupos se fortaleceu. Em dias de greve, uma parcela dos policiais interrompe os trabalhos e a outra continua atuando. Agentes reclamam que, dessa forma, os delegados enfraquecem o movimento grevista. Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados Federais (ADPF), Marcos Leôncio Ribeiro, os delegados estão simplesmente cumprindo suas tarefas. “Fizemos um acordo com o governo, temos uma Copa a realizar e a Polícia Federal tem de continuar funcionando”, disse. Segundo ele, em dias de paralisação, aqueles que mantêm suas atividades acabam trabalhando em dobro.

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Ribeiro garante que os casos de agentes que se recusam a realizar tarefas são pontuais. Em alguns casos, os policiais, que precisam estar à disposição 24 horas por dia, desligam seus celulares pessoais com o argumento de que não querem arcar com custos que deveriam ser da Polícia Federal. Em outros casos, policiais se recusam a embarcar em missões.

Hierarquia

O segundo ponto de tensão entre as categorias está na divergência sobre os conceitos de estrutura hierárquica. Os delegados entendem que a PF deve ser comandada por delegados e a execução das atividades deve ser feita pelos agentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.