Cresce no PMDB grupo a favor de romper com PT

Porto Alegre

– O PMDB deve se afastar do governo Lula após as eleições municipais, entregando os cargos e adotando uma posição de independência com o objetivo de construir um projeto próprio para as eleições de 2006. Esta proposta que o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), levará à reunião nacional do partido, dia 10, tem o apoio de quatro dos cinco governadores do PMDB: Germano Rigotto (RS), Jarbas Vasconcelos (PE), Joaquim Roriz (DF), Rosinha Mateus (RJ) e Luiz Henrique (SC). Roberto Requião (PR) é o único que permanece defendendo a aliança com Lula.

A nova postura que o PMDB quer adotar está sendo costurada em sucessivas reuniões. A maior resistência é exatamente do grupo que já está no governo, tendo à frente o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira. Na última segunda-feira, em São Paulo, Temer e Rigotto tiveram um longo encontro. No dia seguinte, Rigotto conversou demoradamente com Luiz Henrique durante encontro dos prefeitos eleitos em Gramado (RS). Temer procurou também o secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, quando foi a Campos (RJ) levar apoio ao candidato do partido à prefeitura. No dia 5, os governadores do PMDB farão reunião prévia com Temer para fechar uma proposta comum a ser aprovada no dia 10.

“O PMDB deve sair do governo Lula mas continuar garantindo a governabilidade. Se fizermos isso, poderemos construir um projeto para o país e, ao mesmo tempo, seremos mais ouvidos e respeitados”, disse o governador Rigotto. A articulação interna em curso no PMDB também pretende eleger um novo líder da bancada na Câmara que represente essa nova posição de independência. O ex-líder do partido Geddel Vieira Lima (BA) e o ex-ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique, Eliseu Padilha (RS), estão entre os nomes colocados para assumir o comando do partido a partir do ano que vem. Ambos são ligados a FHC e ao PSDB, mas Temer diz que o partido não irá para a oposição.

“Precisamos dar uma identidade ao PMDB. O partido está inclinado a adotar posição de independência, pelo qual daríamos apoio parlamentar ao governo Lula quando isso fosse necessário”, disse Temer. Luiz Henrique concorda com essa posição, mas, preocupado com a unidade partidária, pede cautela na questão, que envolveria a saída dos ministros das Comunicações, Eunício Oliveira, e da Previdência, Amir Lando. Ele entende que o partido não deveria proibir seus quadros de ocuparem cargos no governo quando convidados por Lula.

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