Ter uma bicicleta no modelo lowrider permite a certeza de chamar a atenção. Influenciadas pelo movimento dos jovens filhos de mexicanos que customizavam carros na Los Angeles dos anos 1950, as bikes chamativas e cheias de personalidade estão ganhando cada vez mais adeptos na capital. Mas é preciso ser paciente para circular com uma dessas e é necessário mergulhar em um projeto de criatividade e dedicação que dura, no mínimo, três meses.

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Um dos nomes mais conhecidos da cultura lowrider em São Paulo, o estilista e empresário Antônio Carlos Batista Filho, de 50 anos, mais conhecido como “Alemão”, teve a primeira bike nesse estilo em 1994 e, desde 2000, responde pela Otra Vida Bike, empresa que produz as bicicletas. “A lowrider sempre tem a característica do dono, que traz um tema e uma cor. A pessoa pode começar o seu projeto com um quadro que veio de um ferro-velho, pode achar o banco em uma feira, trazer um acessório. Você vai longe nos temas e a customização é infinita, tanto do cliente quanto de quem está construindo.”

Custa caro

O preço também não tem limites: pode começar em R$ 2,5 mil e ficar cada vez mais caro, dependendo da customização. Alemão diz que, com mais ofertas de espaços para andar de bicicleta na cidade, a procura pelo modelo tem aumentado. “A procura aumentou 60% no último ano, mas a busca é maior do que eu posso atender, porque só pego um projeto quando tenho espaço. Demora, no mínimo, três meses para ‘fechar’ uma bike.”

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Ele diz que o público que adquire os modelos é variado. Vai desde crianças na faixa dos 9, 10 anos, que ganham o modelo de presente dos pais, até ciclistas com 60 anos de idade.

Proprietário da empresa Evolux, que também trabalha com os modelos, Cedric Kessuane, de 39 anos, diz que a produção é mais lenta por ser um processo artístico. “É impossível ter a bike em um mês. Demora muito tempo e, por isso, tem um valor agregado. A primeira que eu fiz demorou nove meses para ficar pronta e a graça é a fabricação. As pessoas pegam amor, porque vão acompanhando.”

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Peças

No caso de Kessuane, a alta procura tem sido por partes das bikes. “Comecei com lowrider em 2003 e, como é muito específico, tinha parado. Mas agora teve um aumento de procura por peças. Estamos vendendo banco, suspensão para pessoas que estão montando pouco a pouco em casa. No mínimo, a procura dobrou.” Assim como os carros rebaixados que essa cultura eternizou, as bicicletas também podem receber um jogo de suspensão para pular.

O empresário diz que, com as ciclovias, mais pessoas estão customizando as bicicletas e é provável que as bikes lowrider sigam o mesmo caminho. “A lowrider vai seguir o mesmo rumo, porque há uma conexão entre o Brasil e o México. As culturas são parecidas.”