Brasília – O presidente do Senado, Renan Calheiros, instalou, na manhã de ontem, a ?Frente Parlamentar por um Brasil Sem Armas?. Ela é formada por parlamentares de vários partidos e representantes da sociedade civil. A proposta do grupo é promover ampla mobilização nacional pelo desarmamento e em favor da aprovação do projeto de decreto legislativo que regulamenta a realização do referendo sobre a proibição do comércio de armas de fogo e munição no Brasil, já aprovado pelo Senado. A matéria está na Câmara dos Deputados, e não foi votada ainda pelo Plenário porque a pauta está bloqueada por medidas provisórias.
?A Frente terá papel importante porque vai coordenar a campanha a favor do desarmamento?, informou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A Frente – que deve analisar e aprovar seu estatuto em reunião a ser realizada na próxima semana – vai participar da campanha de recolhimento de armas promovida pelas igrejas já no próximo domingo. O presidente do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), Ervino Schmidt, anunciou o movimento:
?São 250 igrejas em 24 estados que estarão com as portas abertas no domingo para recolher armas?, afirmou.
Renan anunciou ainda que o dia 3 de julho será o Dia Nacional pelo Desarmamento, quando haverá mobilização nacional.
Estatuto
Na solenidade de lançamento da Frente, o relator do Estatuto, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), fez um balanço positivo sobre os efeitos do texto e da campanha de recolhimento de armas de fogo, que, avaliou, conta com ?índices fabulosos, expressivos?. Segundo o deputado, houve redução de crimes a mão armada em 28% na cidade de Londrina, 30% em Curitiba e 5% em São Paulo.
?No Sistema Único de Saúde (SUS), houve redução de 22% nos casos de vítimas feridas por armas de fogo?, informou.
Já o senador César Borges (PFL-BA) afirmou que, além de desarmar o cidadão, instaurando uma ?cultura de proteção e de paz?, é preciso desarmar os criminosos, o que deve ser cobrado do Estado pelo povo. César Borges ressaltou a importância da aprovação do Estatuto, ?suprapartidário, uma junção de objetivos e idéias, um compromisso com a sociedade brasileira?.
A jornalista Valéria Velasco, presidente da organização não-governamental (ONG) Comitê Nacional de Vítimas da Violência (Convive), que também integra a Frente, afirmou que este é apenas o primeiro passo de um trabalho longo para a implantação da cultura da não-violência no País. Valéria Velasco alertou: ?a cada 15 minutos, uma pessoa morre vítima de arma de fogo. São 100 por dia e mais de 38 mil por ano?, contou.