Frequentadores da Cracolândia, na Luz, região central de São Paulo, entraram em confronto mais uma vez com policiais militares durante uma ação de rotina para prender traficantes de drogas, na tarde de quinta-feira, 27. Com paus e pedras, os usuários quebraram vidros de quatro viaturas da PM, que revidou com bombas e balas de borracha. Durante o tumulto generalizado, dependentes aproveitaram para roubar trabalhadores da região. Ao todo, três pessoas foram presas.

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A confusão começou pouco depois das 16h30. Uma equipe da PM observava o chamado “fluxo” – concentração de dependentes na rua – e conseguiu identificar uma mulher vendendo pedras de crack. Ao abordá-la, no fluxo, perceberam que ela tinha apenas dinheiro (R$ 90 em notas miúdas, segundo a PM). As pedras estavam com o namorado dela, de 18 anos, que também foi revistado. Ele tinha 15 pedras de crack dentro de uma caixa de fósforos, de acordo com a polícia.

“Quando os retiramos do fluxo e os levamos para a viatura, a mulher resolveu espernear e gritar. Isso atraiu a revolta dos ‘noias'”, contou um dos PMs que participaram da ação. Do fluxo, começaram a voar paus e pedras em direção ao carro da polícia, que teve os vidros quebrados. Os PMs pediram auxílio a colegas pelo rádio, e as duas primeiras unidades que chegaram lá também foram recebidas a pedradas.

“A gente retirou os dois rapidamente dali, então eles (os dependentes) foram para cima da base móvel, instalada na Rua Helvétia”, disse o policial.

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A base também foi danificada. A polícia, então, decidiu montar uma linha defensiva, com policiais com escudos, para tentar reprimir com mais força a revolta dos dependentes. Depois que as bombas foram lançadas, ainda de acordo com a PM, os ânimos se acalmaram. Por volta das 19h, todo o entorno do Largo Coração de Jesus, das Alamedas Barão de Piracicaba e Dino Bueno e da Rua Helvétia estava sem dependentes.

O fluxo estava apenas no primeiro quarteirão da Rua Helvétia, na frente da base do Programa De Braços Abertos – ação da Prefeitura desenvolvida na região que busca reduzir o consumo de crack oferecendo moradia, alimentação e emprego para parte dos habitantes da região. A polícia observava os dependentes de longe.

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O tumulto de ontem foi a terceira ocorrência em que dependentes entraram em confronto com a polícia desde que foi iniciada a política de redução de danos da gestão Fernando Haddad (PT), em janeiro. Na primeira, o confronto foi provocado pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil. No segundo, há duas semanas, o tumulto também começou depois da prisão de uma mulher acusada de tráfico.

Oportunidade

Ontem, enquanto o confronto entre usuários e polícia se desenvolvia, segundo policiais militares, dependentes de crack aproveitaram para tentar roubar celulares de funcionários da seguradora Porto Seguro, que ocupa boa parte do bairro.

Um deles abordou uma mulher, que resistiu. “Estava esperando o ônibus quando ele (assaltante) chegou. ‘Solta o celular’, ele gritou. Eu ainda tentei puxar, mas ele me arranhou e me empurrou. Daí, seguiu em direção à Avenida Rio Branco”, disse uma assistente comercial de 38 anos.

O suspeito foi perseguido por um segurança da própria Porto Seguro – que mantém 25 seguranças particulares no bairro justamente para evitar o grande número de furtos a seus funcionários – e foi detido antes de chegar à Rio Branco. “O segurança avisou outro, que estava mais à frente, e os dois prenderam ele”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.