Foto: J.Batista/Agência Câmara |
Deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) vai presidir a CPMI: governo impõe sua escolha. |
Foi instalada ontem, no Congresso Nacional, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que vai investigar a compra superfaturada de ambulâncias com recursos federais, a CPMI dos Sanguessugas. Os trabalhos foram iniciados sob a polêmica de a comissão ser integrada por parlamentares envolvidos no caso.
Dos 38 integrantes da CPMI dos Sanguessugas, pelo menos dois – os deputados Inaldo Leitão (PL-PB) e Benedito de Lira (PP-AL) – são acusados pela ex-servidora Maria da Penha de integrar direta ou indiretamente o esquema de superfaturamento de compra de ambulâncias. ?Nunca tive e não tenho qualquer tipo de relação ou contato com os integrantes da quadrilha das ambulâncias. Sequer os conheço?, afirmou, em nota, Inaldo Leitão. ?Aceitei a indicação do meu partido para integrar a CPMI com o compromisso de contribuir com as investigações que resultem na efetiva punição dos criminosos envolvidos na maracutaia das ambulâncias? justificou o deputado.
A assessores, Benedito de Lira garantiu que não integra o esquema das ambulâncias e que a ex-assessora do Ministério da Saúde referiu-se apenas a um ?Benedito? sem dizer o sobrenome. Outro apontado de envolvimento no esquema, o líder do PP na Câmara, deputado Mário Negromonte (BA), saiu ontem da comissão. Como o PP não havia designado seus integrantes para a CPI, o nome de Negromonte foi indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Em demonstração de força, o governo garantiu o comando da CPMI. A nova comissão de inquérito será presidida pelo deputado petista Antônio Carlos Biscaia (RJ) e terá como relator o senador Amir Lando (PMDB-RO). Candidato ao governo de Rondônia, Lando foi presidente da CPI do Mensalão, que terminou melancolicamente no final do ano passado sem a aprovação de relatório final e sem ouvir nenhum dos 19 parlamentares que sacaram recursos das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Eleito por 19 votos, Biscaia avisou que a CPMI vai dar ênfase à análise de documentos e investigações feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público e que, na primeira fase, não vai ouvir os parlamentares apontados de envolvimento com a máfia das ambulâncias. ?Não é o momento agora de ouvir os parlamentares?, afirmou Biscaia. ?Sempre tive uma visão crítica de algumas comissões de inquérito, que não tinham compromisso com a investigação séria e profunda e sim com audiências infindáveis?, completou o petista.
Inicialmente, ele pretende convocar para depor a ex-servidora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, apontada como braço da quadrilha das ambulâncias no Executivo, e delegados e procuradores responsáveis pelo inquérito. A primeira reunião da nova comissão de inquérito foi marcada para a próxima quarta-feira, dia 28.
No início de maio, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sanguessuga, que envolve parlamentares no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. Pelo menos, 15 deputados são suspeitos de participar do esquema.